Do Tio Patinhas e trilhões
Na década de 60, existia a história do bilionário, pão-duro tio Patinhas. Ele falava em bilhões, que, mesmo com a inflação brasileira nas alturas, eram números de riqueza inalcançável. Depois apareceu uma lista de bilionários da revista Forbes, que ainda distanciava mais os que têm dos que nunca terão.
Agora entramos numa nova era que é de trilhões, não de reais, mas de dólares, que ainda é a moeda de referência. Aparece uma empresa que não é a marca mais popular do planeta, provavelmente a absoluta maioria das pessoas nem sabe o que faz, e passa a valer cinco trilhões de dólares. Nvidia, fabricante de chips nos EUA. Aí vem de novo o homem mais rico do mundo, e também polêmico, Elon Musk, inventor da Tesla, que tem um patrimônio de 1 trilhão de dólares e reivindica outro trilhão de prêmio se elevar o valor da Tesla dos atuais 1,4 trilhão para 8,8 trilhões em 10 anos. Google, Microsoft, Meta e Amazon estão investindo em data centers e IA 360 bilhões de dólares. OpenAI e Amazon fecham um acordo de 38 bilhões. E Oracle, outro gigante da tecnologia, vai investir em data center 300 bilhões. O genro do Trump fecha a compra de uma empresa de gaming no valor de 55 bilhões. E 42 milhões de norte-americanos,12% de população dos EUA, dependem de food stamps, ajuda do governo para a compra de alimentos.
O Produto Interno Bruto brasileiro, em 2024, foi de 2,18 trilhões de dólares. Da orgulhosa Minas, somente 200 bilhões . E a empresa mais valiosa brasileira, Nubank, vale 80 bilhões de dólares. Por sinal um fenômeno, já que em 12 anos se tornou a mais valiosa brasileira, ultrapassando a Petrobras. Um banco digital versus uma indústria.
Concluindo, comparando esses números, chega-se à conclusão de que o Brasil vale menos da metade da Nvidia e Musk pode comprar metade do Brasil, com tudo incluído. A riqueza hoje em dia está no digital, nos modelos de negócios que geram trilhões e cujo troco são bilhões. O sucesso do Nubank, fundado por um colombiano e sócios, mostra que é possível atingir um nível de competição. Mas, na IA que hoje absorve uma boa parte do capital disponível no mundo, por sinal independente de seus resultados, já criando dúvida se haverá retorno, estamos fora da competição.
O tamanho trilionário dessa economia, incluindo supervalorização das ações, nos remete à leitura do livro do Andrew Sorkin, 1929. É sobre o crash que quebrou a economia mundial, espiral sem fim da bolsa que quebrou o mundo. Aliás, na década de 70 houve no Brasil esse fenômeno que produziu as ações imaginárias chamadas Merposa, impronunciável mas disponível na internet. Distinguir o que é real do imaginário da ganância. Talvez lembrar Getúlio Vargas visitando a feira de gado em Uberaba, quando lhe apresentaram um touro supervalioso, disse: vale tanto quanto pesa.
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