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Dress Code: como implementar em sua empresa

Foto: Adobe Stock/Creative Station

O dress code (código de vestir) do mundo corporativo mudou e está mudando e isso não é apenas resultado do trabalho remoto ou da pandemia. O vestuário profissional vem evoluindo ao longo dos anos.

Só para lembrar alguns momentos dessa evolução: tivemos a revolução industrial, quando o terno masculino diferenciava os profissionais da área administrativa dos profissionais de chão de fábrica que usavam macacão. Coco Chanel lançou a versão feminina do terno, o tailleur (conjunto de saia e blazer) em 1954, que foi logo adotado e, posteriormente, trocado pelo terninho (conjunto de calça e casaco). E, nos anos 80, a moda trouxe para as mulheres as ombreiras em seus blazers, uma forma de ganhar força masculina em sua imagem e, com isso, melhorar sua projeção e respeitabilidade no ambiente profissional.

Estamos vivendo mais um desses momentos de transição. Ou seja, entre a aceitação de novos códigos e a adoção dos mesmos. Desde os anos 90 que as mudanças no vestuário para trabalhar estão sendo flexibilizadas para os códigos mais informais. A implantação das Casual Fridays, por exemplo, permitiu que os funcionários vestissem roupas mais confortáveis e informais nos escritórios uma vez por semana.

Como reflexo, os ambientes de trabalho ficaram também mais descontraídos. A Society for Human Resource Management (SHRM), em 1992, fez uma pesquisa que revelou que cerca de 24% das empresas americanas adotaram a Casual Friday (sexta-feira casual, que mais tarde evoluiu para o Casual Day, com as empresas escolhendo o melhor dia para dar essa liberdade às suas equipes). Em 1999, o número de empresas com a flexibilidade do Casual Day já tinha subido para 53%.

Chegamos aos anos 2000 com a proliferação de startups e jovens empreendedores trajando jeans e camiseta e fazendo negócios milionários. E, assim, com o gosto e desejo dos profissionais por estilos mais informais de vestir, o dress code corporativo vem sendo analisado, alterado e a flexibilização vem chegando inclusive aos ambientes tradicionalmente formais, como bancos, financeiras e escritórios de advocacia.

Não é raro encontrar dirigentes de grandes empresas optando pelo chamado casual business – calças chino, camisas polo ou camisas sociais sem gravata para homens e, para as mulheres, maior liberdade na escolha de vestidos, saias, calças, blusas e até bermudas.

Muitas empresas adotam um dress code híbrido, permitindo que os funcionários escolham entre trajes formais e informais conforme a ocasião. Isso que vem sendo, atualmente, colocado de forma subentendida, o que causa inúmeros conflitos internos, insegurança nas equipes quanto ao que vestir e uma liberdade de expressão da individualidade que pode entrar em conflito com o desejo de imagem que a empresa tem para si e que quer ver representada em sua equipe.

Quer liberar, alterar, adaptar ou definir um dress code na sua empresa? Saiba que há muitas controvérsias sobre o tema. No entanto, a clareza do que é aceitável em termos de vestuário e comportamento no trabalho continua sendo relevante e pode evitar muitos problemas, além de trazer diversos benefícios, como manter um bom clima organizacional, transmitir uma boa imagem da empresa e mesmo promover uma identidade corporativa.

O tema deve ser abordado da mesma forma que se aborda as mudanças nas práticas de trabalho, as transformações na sociedade e a valorização da individualidade no ambiente profissional.

Pergunte-se: é necessário ter uma política de vestimenta na empresa ou é melhor deixar que as pessoas usem o bom senso ao se vestir? Lembrando que “bom senso” é algo subjetivo, está relacionado com vivências pessoais, cultura e experiências próprias de cada indivíduo. Logo, é sim relevante orientar sobre o código de vestir em sua empresa.

Mas, atenção: uma política de dress code bem estruturada deve valorizar as diferenças e considerar a pluralidade, sem impor barreiras ou diretrizes discriminatórias.

Implantação de dress code: primeiros passos

  1. Conheça a cultura e os valores da empresa: Saiba qual a mensagem a empresa deseja passar através de suas equipes. Essa imagem não pode ser desconfortável e ferir o bem-estar de todos.
  • Olhe para o setor de atuação da empresa: Como se comportam as empresas do mesmo segmento? Quais as expectativas de clientes, parceiros e fornecedores quanto à imagem daqueles com que se relacionam?
  • Envolva e escute os colaboradores: Pesquise, converse, escute suas opiniões e preferências.
  • Observe o ambiente de trabalho: Este é um ambiente formal ou informal? Criativo, dinâmico, rígido?
  • Estabeleça diretrizes claras: Seja transparente quanto a aceitação ou não de trajes e especifique, sempre que necessário, o grau de formalidade das ocasiões: reuniões externas, visitas, recepção de clientes…
  • Comunique as diretrizes: Sensibilize a equipe, aborde o assunto em reuniões, palestras e certifique-se de que todos compreendam as diretrizes.
  • Informe na contratação: A adesão dependerá de como o dress code é apresentado ao funcionário. Aborde o nível de formalidade ou informalidade da empresa durante a seleção.
  • Aceite feedback: O dress code pode e deve ser atualizado e adaptado para refletir as mudanças sociais.
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