Evolução e construção da imagem pessoal
Vamos falar de construção de imagem pessoal. Antes vamos recordar algumas transformações marcantes ao longo do tempo. No cinema, há inúmeros exemplos, como Audrey Hepburn em “Cinderela em Paris” (Funny Face, 1957) e Anne Hathaway em O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006). Na política, um caso clássico é o de Fernando Collor, que passou de “caçador de marajás” a presidente da República.
O próprio Lula, atual presidente, deixou a imagem de sindicalista metalúrgico para assumir a de um líder democrático, conquistando respeito internacional com novo corte de cabelo, barba, estilo, forma de falar e comportamento.
Fernando Collor foi um dos primeiros políticos brasileiros a usar estrategicamente a construção de imagem pessoal para vencer uma eleição. Para se eleger presidente em 1989, ele adotou um visual jovem, atlético e moderno, apresentando-se como o “caçador de marajás” em cenas esportivas e dinâmicas que reforçavam vigor e ação.
Gradualmente, sua estética migrou para uma imagem mais executiva: ternos bem cortados, cabelos impecáveis, postura firme e comunicação segura, contrastando com a velha política. Já eleito, Collor ajustou novamente sua aparência para transmitir autoridade presidencial, com trajes mais formais e gestos mais contidos. Sua transformação visual foi calculada, coerente e decisiva para sua ascensão política.
Entre artistas e figuras públicas, a cantora Anitta é um dos maiores exemplos de transformação de imagem no cenário musical brasileiro. Desde o início da carreira, ela passou por mudanças contínuas no visual, procedimentos estéticos, diferentes cabelos, maquiagens e figurinos, sempre alinhadas a cada nova fase artística. Suas transformações acompanham seu reposicionamento no mercado, primeiro no funk, depois no pop e na música internacional, usando a estética como ferramenta estratégica para ampliar presença, modernizar a marca pessoal e dialogar com novos públicos, sem perder elementos que mantêm sua identidade reconhecível.
É evidente que, à medida que se tornam mais conhecidas, as pessoas passam por mudanças, seja por insatisfação pessoal, seja para se alinhar aos modelos reconhecidos por seus públicos. Essas transformações são facilmente percebidas, pois vão muito além do vestuário: incluem postura, linguagem oral e corporal e, muitas vezes, intervenções estéticas.
No entanto, transformações tão radicais não alcançam a todos. Surge, então, a pergunta: como construir uma imagem pessoal que represente seus desejos de beleza, estética e reconhecimento social e profissional?
Mais uma vez a resposta está em autoconhecimento, em não fugir da sua essência e da sua capacidade de adaptação, renovação e de enfrentamento a críticas, elogios ou comentários que nem sempre irão te agradar. E mais, a resposta está na sua disposição e confiança em passar por mudanças e que essas mudanças revelem você e não apenas a “cara” que você quer ter.
Partindo desse princípio, algumas medidas práticas têm efeito imediato no processo de construção de imagem. As referências para esse momento vêm do marketing, da semiologia e da comunicação, todas ajustadas à consultoria de imagem pessoal. A imagem em desenvolvimento deve provocar no outro a percepção de um movimento positivo e gradual.
Comece revisando o corte de cabelo e sua expressão facial. Em outras palavras: o que você comunica através dos traços do seu rosto? Questões como genética, idade, procedimentos estéticos (depilação, design de sobrancelhas, pigmentação, botox) devem reforçar suas intenções.
O passo seguinte consiste em aprimorar sua oratória, o uso da linguagem verbal e não verbal. O que você diz, e como você diz, precisa estar alinhado à imagem em construção. O corpo também comunica: ombros e escápulas organizados ampliam a presença física. Mas seja natural; movimentos forçados podem ter o efeito contrário. É importante lembrar que essas mudanças precisam ser incorporadas com o tempo. Só na televisão as transformações acontecem do dia para a noite. Respeite seu tempo, sua condição financeira e sua ansiedade.
Suba um degrau de cada vez. Se o corpo, a fala e o comportamento estão em alinhamento, revise seu guarda-roupa. Faça a limpeza de costume: retire peças que não servem mais aos seus objetivos, que não vestem bem, que estão ultrapassadas ou precisam de ajustes. Mantenha aquilo que te valoriza, realça seus traços e confirma seu estilo e bom gosto.
Lembrando que as duas personagens ao final da trajetória nos filmes acabam transformadas, mas abandonam o que não lhes era natural. A personagem de Audrey Hepburn em Cinderela em Paris passa por uma mudança visual significativa ao se transformar de livreira intelectual em modelo, e ao final retoma sua essência e apenas incorpora o que fez sentido para sua identidade. O mesmo acontece com a personagem de Anne Hathaway em O Diabo Veste Prada que também vivencia uma grande transformação estética e comportamental, mas, ao final, mantém consigo apenas o aprendizado e a maturidade adquiridos, abandonando o que não condizia com seus valores. Logo, transformações e desenvolvimento de uma imagem pessoal não se seguram se não forem verdadeiras.
Em síntese, a evolução e a construção da imagem pessoal são processos contínuos, que exigem consciência, propósito e escolhas alinhadas ao que você deseja comunicar ao mundo. Não se trata apenas de estética, mas de coerência entre quem você é, como age e o que mostra. Quando corpo, fala, comportamento e vestuário se integram, sua imagem ganha força, credibilidade e autenticidade. É justamente nessa harmonização que reside o verdadeiro poder de construir uma presença marcante, capaz de acompanhar sua trajetória e revelar sua identidade e valor autêntico.
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