Imagem pessoal e saúde mental no trabalho

Uma mudança nas relações profissionais está em andamento e é relacionada à saúde mental dos
trabalhadores. Estamos falando da atualização da NR1- Norma Regulamentadora nº 1, que passa a abranger não apenas a saúde física, mas também a saúde mental dos trabalhadores. Esse avanço vem em um momento crucial.
De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, mais de 470 mil afastamentos foram registrados no Brasil em 2024 devido a transtornos mentais. Os números refletem um cenário preocupante e nos convidam a repensar o modo como as organizações encaram o bem-estar emocional de suas equipes. A novidade entraria em vigor em 25 de maio deste ano, mas foi adiada para ajustes.
Uma das questões pouco comentadas no debate sobre saúde mental no trabalho, mas relevante, está relacionada à imagem do trabalhador que se espera, em alguns casos, que se impõe, no ambiente corporativo. A exclusão pela aparência na maioria das vezes é silenciosa, não dita, e não são poucas as vezes que isso ocorre em empresas de diversos segmentos.
Consideramos que a busca excessiva por uma imagem impecável ou a exigência de determinada aparência pode ser um fator estressante tanto para quem está iniciando a carreira, como para aqueles veteranos que almejam promoções e reconhecimentos internos.
O desejo pessoal de uma imagem idealizada pode sim afetar a saúde mental dos profissionais, em
especial, em ambientes de alta competitividade. Exigências de estilo, tipos de cabelo, barba, peso ou
dress code severos e rigorosos podem atuar como agentes psicossociais adversos ao ambiente da empresa e contribuir para a desmotivação, falta de engajamento, comprometer o bem-estar das equipes e ser um fator estressante no dia a dia.
Ou seja, padrões rígidos de beleza e estética também podem gerar ansiedade, baixa autoestima e até afastamentos. Um peso invisível que sobrecarrega a rotina e não pode ser medido se não for considerado.
Construir uma imagem profissional admirável e respeitável não precisa ser um fardo para ninguém. Pelo
contrário, ela pode ser uma ferramenta de expressão pessoal e de desenvolvimento de autoconfiança, desde que haja espaço para autenticidade e respeito à diversidade. Portanto, as empresas devem se organizar para dar suporte aos funcionários também nesse quesito. Cada dia fica mais evidente que o
profissional é o espelho da organização onde atua. O caminho é equilibrar expectativas individuais,
coletivas e bem-estar. Falamos aqui de todos os níveis hierárquicos, uma vez que todos, em menor ou
maior grau, representam a empresa.
A busca por uma boa imagem no trabalho não deve ser confundida com perfeccionismo ou padronização. É possível, e saudável, que cada profissional construa uma imagem coerente com seus
valores e estilo, sem abrir mão do bem-estar pessoal e da cultura organizacional. Por outro lado, é
possível também que a empresa se adapte às mudanças sociais e estéticas sem prejudicar sua identidade.
O fato é que empresas que respeitam a diversidade geram ambientes mais saudáveis, criativos e produtivos. E mais, a discriminação estética é crime!
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