Além da cadeirada: comportamento e imagem são fundamentais em debate eleitoral
Como já sabemos, além das propostas e planos de governo, a forma como um candidato a um cargo político eletivo se apresenta aos eleitores faz toda diferença na conquista de votos. Estamos no processo de eleições municipais e a postura, vestuário, tom e firmeza de voz consolidam a imagem do candidato.
O que se dirá de um candidato que dá uma cadeirada em outro durante um debate televisionado? O que pensa o eleitor que assiste a tamanho destempero? O que pensa o eleitor que assiste às provocações do outro que leva o adversário a tal absurdo?
De acordo com sondagem da Palver (empresa de tecnologia especializada em análise de tendências sociais) o confronto entre Datena (PSDB) e Marçal (PRTB) no debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, realizado pela TV Cultura (15/09), foi visto nas redes sociais como uma reação natural de um, diante das provocações feitas pelo outro.
O vexame serviu para movimentar as redes sociais e fazer crescer o número de seguidores dos dois candidatos. Um novo fato, como dizem os marqueteiros, que sacudiu a campanha em São Paulo. Foi feio para ambos.
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O comportamento é um elemento fundamental na formação da imagem do político, especialmente em tempos eleitorais. E qual é a imagem que conquista o público? Aquela que tem coerência com o discurso, com os atos, com a personalidade, e principalmente, a imagem que traz confiança e credibilidade. Junte-se a isso o equilíbrio emocional, a segurança de argumentos e a veracidade do que se diz.
A análise que uma pessoa faz da outra, a tal da primeira impressão, é crucial para conquistar de imediato a simpatia. Muitas vezes o debate na TV é a primeira oportunidade para milhares de eleitores avaliarem as opções de sua cidade. Nesse aspecto, o cérebro gasta poucos segundos para tomar uma decisão. Ou seja, a aparência, a postura e a linguagem corporal de um candidato integram as impressões subjetivas captadas pelo ser humano no primeiro contato e impactam significativamente a opinião dos telespectadores, especialmente daqueles indecisos ou que não conhecem os candidatos.
A escolha da roupa, acessórios e o estilo adotado durante a campanha, e nos debates, emite sinais de jovialidade, conservadorismo, poder, descontração, credibilidade entre outros aspectos. O estilo de vestir do candidato também contribui para a formação da opinião pública. A roupa é mais uma estratégia de imagem e não tem nada a ver com moda e elegância, mas com a mensagem que se deseja passar.
Cada decisão tomada no closet irá impactar de alguma forma na análise do eleitor. E, quando o candidato é uma mulher, a avaliação vem carregada de preconceito e limites. Nos EUA, a prática de manter um especialista em imagem pessoal em campanhas eleitorais é antiga. Por aqui, a demanda vem crescendo e aqueles que fazem uso dos conselhos de um profissional conseguem uma conexão mais rápida e mais próxima com seus eleitores.
Outro fator relevante é a forma como o político se comunica. Os eleitores tendem a confiar mais naqueles que aparentam ser competentes e confiáveis. Há estudos que demonstram que 55% da nossa comunicação é não-verbal. Logo, além da roupa, a voz, o caminhar no palco, a forma de sentar, gesticular, observar e de enfrentar e reagir ao adversário são relevantes.
Durante a campanha eleitoral, a imagem pessoal deve ser autêntica e refletir a personalidade de cada um. Logo, forjar uma imagem para o período eleitoral pode, inclusive, prejudicar a caça por votos. Fernando Collor de Mello é um exemplo, enquanto caçador de marajás (1989), com imagem de jovem destemido, foi ovacionado; já como presidente, apresentou uma imagem arrogante e autoritária. E não há dúvidas de que o presidente Lula (PT) ao assumir o terno e mais sobriedade em seu vestuário falou melhor com a classe A e B a partir da campanha de 2002.
A autenticidade é a chave para uma imagem pessoal poderosa, forte, confiável e competente para ocupar um cargo tão relevante como o de prefeito de uma cidade. O debate político contribui para a tomada de decisão do eleitor e é a chance do candidato se mostrar e dizer ao público, de fato, quem ele é e como irá cuidar dos interesses municipais. Mesmo que não seja isso que estejamos presenciando nas campanhas e nos debates atuais.
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