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Por que o chef Érick Jacquin entrou no mar de terno (e por que esta discussão importa)?

Com seu vídeo, o chef trouxe a questão do dress code, ou código de vestir, mais uma vez para o debate. De que lado você está na discussão?
Chef Erick Jacquin mergulha de terno e critica quem usa regata e chinelo em seu restaurante. Com isso, ele levanta o debate do dress code, ou código de vestir | Crédito: Reprodução
Chef Erick Jacquin mergulha de terno e critica quem usa regata e chinelo em seu restaurante. Com isso, ele levanta o debate do dress code, ou código de vestir | Crédito: Reprodução

O chef Érick Jacquin se irritou com os comensais em seu precioso Les Présidents, restaurante sofisticado em São Paulo, trajando bermudas, regatas, bonés e chinelos. Falou especificamente para os homens. De personalidade irreverente e, às vezes, mal educada, Jacquin se vestiu de paletó, calça, camisa social e gravata, foi à praia, entrou no mar e disparou: “Tá vendo que não está correto?” A intenção? Mostrar a inadequação do traje ao ambiente tropical e fazer uma analogia ao traje que espera ver em seu restaurante.

Com seu vídeo (mais de 1 milhão de visualizações, de 47 mil curtidas e mais de 6 mil comentários, muitos contra a postura adotada) o chef trouxe a questão do dress code, ou código de vestir, mais uma vez para o debate. Pode ou não pode usar isso ou aquilo, tenho ou não tenho idade para esse tipo de roupa? Tenho mais de 50 anos, posso ir de shortinho à balada? Inúmeras são as dúvidas que se colocam. Há também as afirmativas: visto o que quiser; não vim aqui para desfilar; gosto de roupa confortável; ninguém interfere nas minhas escolhas; escolher roupa é bobagem… Será mesmo?

De que lado você está? De quem se veste considerando a ocasião? Ou de quem não se importa? O fato é que o mundo mudou e com ele muitas outras mudanças estão em andamento. Importante ou não, vestir-se de acordo com a ocasião é um dos traços mais relevantes de uma pessoa elegante. Logo, ainda se entende que não levar em consideração o código de vestir – para um jantar, almoço, casamento, churrasco, batizado, velório, academia, encontro profissional, missa… – é um enorme desrespeito com quem convida, com o ambiente ou mesmo com os pares e demais presentes. Esse código ainda está em vigor, então a desconexão causa estranheza e incômodos.

Vamos mudar isso? Uma regra ou um código social vale enquanto a maioria da sociedade a sustenta, defende e pratica. Ou seja, para que esse pensamento seja alterado é preciso que a maioria concorde e a mudança, se vier, virá com o tempo e com o estabelecimento de uma nova prática.

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Algumas coisas já mudaram. Veja por exemplo o caso da atriz Alessandra Negrini, de 53 anos. Recentemente Negrini postou vídeo (mais de 400 mil curtidas e mais de 20 mil comentários) de sua indignação com a manchete de uma notícia que diz “Alessandra Negrini se esbalda em noitada com Rael e amigos, de shortinho e barriga de fora”. A atriz afirmou: são três preconceitos em uma só frase: sexista, machista e etarista. Ou seja, uma mulher de 53 anos não pode usar shortinho e mostrar a barriga? “Ora, vá se atualizar, nós mulheres estamos muito à frente que vocês”, finalizou a atriz, que é aplaudida nos comentários.

Vejamos, a atriz estava na balada com amigos, dançando e se divertindo, logo seu dress code estava correto. O fato de vestir short e mostrar a barriga não tem nada de relevante para ser citado. E se ela estivesse usando um look de milhões? A manchete seria criticada? Ou seria relevante para mostrar uma parceria comercial ou mesmo que ela investe em peças caras?

De fato, há muita controvérsia nesse tema. E o momento é para isso, fazer com que todos pensemos sobre o que desejamos em nossa sociedade e que nível de permissão estamos dispostos a conceder ao outro. Mas por que existem tantas regras? Em princípio, para uma melhor convivência social e profissional.

As regras também existem para:

  • evitar erros de interpretação e facilitar a comunicação;
  • demonstrar respeito à hierarquia, idade, autoridade;
  • demonstrar reconhecimento ao outro
  • e também para orientar, nivelar, igualar, democratizar e organizar a sociedade.

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