Oscar de imagem vai para Fernanda Torres

Quando Fernanda Torres pisou no tapete vermelho do Festival de Veneza, no lançamento do filme “Ainda estou aqui”, mostrou uma elegância minimalista que impressionou. Vestia um longo preto tomara que caia de Alexandre Herchcovitch e brincos discretos, sem colar.
Elegância, modéstia e formalidade foram algumas das mensagens transmitidas nessa primeira participação da atriz e do filme em premiações. Com essa produção, a atriz já sinalizou o respeito ao filme e a coerência com a sua personagem Eunice Paiva e sua trajetória em um dos momentos mais terríveis da história brasileira.
Desde Veneza, a atriz vem divulgando o filme mundo afora conquistando respeito,
admiração e curiosidade não só sobre o enredo do filme, mas também sobre si, sobre
o Brasil e sobre a qualidade do cinema nacional. O que nos informa Fernanda Torres
com sua sobriedade moderna, clássica, elegante e arrojada?
Estratégia além do vestir bem
Para começar é preciso dizer que os looks não foram escolhidos de forma aleatória,
apenas para a vestir bem. Trata-se de uma estratégia de imagem que teve início com a
figurinista do filme, Claudia Kopke, que trabalhou para revelar uma personagem real,
uma mulher e sua trajetória em meio a ditadura militar brasileira.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
O stylist Antonio Frajado assimilou bem a narrativa do filme e da atriz. Vestiu em Fernanda Torres looks minimalistas, sofisticados que incluem modelos de estilistas nacionais como Alexandre Herscovich e Reinaldo Lourenço, mas também a fez desfilar com peças de marcas
internacionais como Louis Vuitton, Dior e Bottega Veneta.
Para manter a narrativa do filme e mostrar coerência com a personagem, o stylist optou por tons neutros, uma cartela de cores sóbrias, sem grandes contrastes de cores, harmonias monocromáticas e estampas abstratas de fundo escuro, poucos acessórios, alfaiataria, modelagens perfeitas e arrojadas.
“Você não pode ir vestida de Cinderela mostrando esse filme”, declarou Torres à Revista Elle. Ou seja, a narrativa do filme e sua delicadeza estão em evidência em suas falas, em seu comportamento polido e no gestual planejado para cada aparição em tapete vermelho.
Vestuário também é um ato político
Estratégia de marketing, mas também uma demonstração da responsabilidade da atriz com sua imagem profissional. Ela mesmo informa que a maneira como se apresenta tem a ver
com o filme, com Walter Salles e com a Eunice. O vestuário também é um ato político
e está afinado com a temática do filme.
A estratégia de imagem de atores associada a temática do filme durante as campanhas
de divulgação não é uma novidade no meio cinematográfico. A ideia de atores
manterem a linguagem e a coerência das mensagens do filme na vida real tem nome
method dressing. Há bons e maus exemplos dessa prática é só procurar.
Se a indicação de “Ainda estou aqui” para o Oscar se concretizar, a atriz brasileira já
anunciou que quer uma roupa elegante, inteligente, que honre a ocasião e seja fiel a
Eunice, ao filme e a ela mesma. Pelo sim e pelo não, a estatueta do Oscar de imagem
vai para Fernanda Torres que brilha em cena e fora dela.
Ouça a rádio de Minas