Da ambição aos resultados: a indústria inteligente em 2025
2025 foi marcado por aceleração e maturidade. Ao longo desta coluna, um ponto se repetiu: inteligência na indústria não é ter mais sensores, robôs ou relatórios. É escolher bem os problemas, conectar tecnologia e capital à estratégia e sustentar a execução com pessoas e governança.
No primeiro artigo, um alerta simples: tecnologia, sozinha, não entrega resultado. 44% dos executivos de TI estão insatisfeitos com o retorno de projetos de inteligência artificial (IA) e 30% consideram reduzi-los. O recado é inverter a lógica: primeiro o indicador, depois a solução. Antes de grandes investimentos, projetos-piloto com métricas claras para validar e só então escalar.
Esse raciocínio voltou no final do ano ao tratar de transformação sem generalizar. Mesmo com IA e aprendizado de máquina respondendo por 27,8% do mercado de digitalização em 2024 e crescimento projetado de 24,5% ao ano até 2030, o valor nasce do diagnóstico profundo e da coautoria entre operação e tecnologia.
Também colocamos holofotes sobre a resiliência operacional. Na gestão de ativos, lembramos que 24% das fábricas destinam de 11% a 15% do orçamento anual à manutenção. Quando o ciclo de vida do ativo é tratado como estratégia – Capex bem especificado, manutenção preventiva e preditiva, papéis claros e tecnologia como aceleradora – a empresa troca “custo invisível” por disponibilidade e previsibilidade.
Se o risco de paradas pode ser mitigado com boa gestão dos ativos, um novo vetor ganhou força: o digital. Na indústria, ataques cibernéticos podem paralisar linhas, afetar a segurança das pessoas e interromper cadeias de suprimentos. A mensagem foi tratar cibersegurança como continuidade do negócio, com governança no topo, planos de resposta, capacitação e simulações.
Outro aprendizado foi humano. Liderança aparece quando a execução aperta. Adaptar o estilo ao nível de prontidão do time, manter disciplina na agenda do líder e construir influência com confiança, clareza e coerência entre discurso e prática seguem decisivos.
Por fim, a agenda climática entrou de vez no planejamento industrial. Segundo a EPE, indústria e transporte concentram 64,8% do consumo energético do País. Descarbonizar sem perder margem exige mix energético, eficiência operacional e projetos de capital com governança. A COP30, em Belém, surge como marco: 54% dos industriais a consideram relevante e 75% a veem como oportunidade para fortalecer competitividade e imagem da indústria brasileira no exterior.
Encerramos o ano olhando à frente. Para 2026, a leitura é de eficiência e previsibilidade, com custos mais estáveis, juros ainda elevados, adaptação à reforma tributária e maior competição. Não será um ciclo de espera, mas de escolhas claras e execução consistente.
A síntese é direta: indústria inteligente faz bem o básico e usa digital, ativos, energia e liderança para transformar ambição em resultados.
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