COP30 em Belém: desafios e oportunidades climáticas para a indústria brasileira
A proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém, capital do Pará. Pela primeira vez, o evento ocorrerá no coração da Amazônia, ampliando as expectativas quanto ao papel do Brasil na agenda ambiental global.
Para a indústria brasileira, trata-se de um marco estratégico. O País poderá reafirmar sua liderança climática, apresentando avanços em energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono.
A mobilização empresarial já é significativa. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 54% dos industriais consideram a conferência relevante e 75% a veem como oportunidade para fortalecer a competitividade e a imagem da indústria brasileira no exterior.
Temas de impacto na sociedade – A pauta da COP30 deve incluir temas como a redução de emissões de gases de efeito estufa, a transição energética, a adaptação às mudanças do clima, o financiamento climático, a preservação de florestas e a justiça climática. Esses tópicos tendem a se traduzir em políticas que impactam cadeias produtivas nacionais. Metas globais mais rígidas podem, por exemplo, exigir normas internas mais severas para o setor automotivo, enquanto fundos internacionais, como a meta de US$ 300 bilhões anuais até 2035, definida na COP29, podem impulsionar novos projetos de descarbonização.
Como 84% das emissões globais têm origem em atividades privadas, o papel das empresas será central. Somente a cadeia da construção civil responde por cerca de 30% dessas emissões e precisará acelerar a transição energética, adotar materiais de menor intensidade de carbono e reduzir desperdícios para colaborar com os objetivos “verdes”.
Os setores de transporte e logística também serão pressionados por demandas de maior eficiência e uso de combustíveis mais limpos. No segmento automotivo, apesar das incertezas sobre os reais benefícios da eletrificação, considerando o ciclo de vida completo dos veículos, a tendência é de avanço, acompanhando a evolução das baterias. Indústrias intensivas em carbono, como as de cimento, aço, papel e química, precisarão inovar em seus processos.
No agronegócio, os principais focos são a contenção do desmatamento, o avanço da rastreabilidade e a ampliação de práticas sustentáveis, como a integração lavoura-pecuária-floresta.
Pontos de atenção
Para a indústria, o momento é de assumir compromissos públicos em torno de metas viáveis, apoiadas por iniciativas concretas. Se o propósito das conferências climáticas é construir um caminho para uma economia de baixo carbono, caberá aos governos fornecer a regulação e o ambiente necessários à transformação.
O protagonismo, o engajamento e a capacidade de execução do setor privado, em especial da indústria, ao adotar inovações sustentáveis, são o que tornará possível um futuro mais sustentável.
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