Eficiência e previsibilidade: perspectivas para a indústria brasileira em 2026
O próximo ano deve começar com expectativas moderadas de crescimento, inflação em desaceleração, e juros ainda elevados. Para a indústria, o cenário é de custos mais previsíveis, demanda interna impulsionada por investimentos públicos e concessões, além de exportações pressionadas por concorrência em mercados estratégicos. A reforma tributária avança, prometendo simplificação no médio prazo, mas exigindo rápida adaptação. O câmbio segue volátil, e os preços internacionais de energia e metais indicam estabilidade.
Em óleo e gás, os investimentos permanecem relevantes. A exploração do pré-sal e os projetos de reposição de reservas sustentam a demanda por bens e serviços industriais. No gás natural, contratos de longo prazo e preços menos voláteis favorecem cadeias intensivas em energia, como as indústrias química, de materiais e fertilizantes.
Em siderurgia e mineração, a demanda interna tende a crescer, impulsionada por construção civil, infraestrutura e segmentos industriais. Já as exportações seguem atreladas à performance da China, e a concorrência com aço importado pressiona preços. As oportunidades virão de ganhos de eficiência e nichos de maior valor agregado, como aços especiais, energias renováveis e mobilidade elétrica.
Na indústria química, importações e custos energéticos seguem desafiadores, mas há espaço para substituição competitiva de importados em derivados de petróleo e gás, fertilizantes e especialidades voltadas à saúde, ao agro e a alimentos. A competitividade virá da escala, integração e proximidade dos mercados consumidores.
O setor de máquinas e equipamentos deve ter demanda estável, sustentada por projetos em infraestrutura, mineração, celulose e agronegócio. O foco seguirá em produtividade, automação, eficiência energética e digitalização.
Na cadeia de celulose e papel, 2026 combinará câmbio favorável, florestas de rápido crescimento, alta eficiência industrial e expansão da capacidade instalada. A demanda permanecerá forte em embalagens e tissue, impulsionada por e-commerce e higiene, enquanto o papel gráfico se destaca em nichos premium. Os desafios continuarão em logística e sustentabilidade.
Construção e infraestrutura serão vetores centrais da demanda industrial. Programas públicos, concessões e obras em saneamento, energia, logística e habitação impulsionarão setores como cimento, aço, químicos e máquinas. O desafio será garantir execução com qualidade e eficiência. A escassez de mão de obra qualificada, especialmente em construção e celulose e papel, pode limitar o ritmo de expansão e gerar efeitos em cadeia sobre outros setores.
Assim, 2026 exigirá foco disciplinado em custos, captura da demanda proveniente de construção, infraestrutura e transição energética. O uso estratégico de tecnologias que aumentem a produtividade, além de rigor em governança, será essencial para navegar pela reforma tributária. As lideranças deverão buscar integração de cadeias locais, financiamento verde e aceleração na qualificação de pessoas. Não será um ano para aguardar, e sim para escolher as batalhas, executar com consistência e ser mais eficiente, previsível e relevante.
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