Indústria Inteligente

Gestão de ativos: um tema que precisa estar na mesa do CEO

Empresas líderes seguem todo o ciclo de vida dos ativos

No setor industrial, ativos fixos, como altos-fornos, prensas, plataformas offshore e caminhões, representam investimentos de alto valor, complexidade elevada e longa vida útil. Diferentemente de comércio e serviços, a indústria imobiliza grandes quantias em equipamentos críticos, cuja construção é demorada e cuja operação exige competência técnica e gestão rigorosa. Não é exagero dizer que o desempenho sustentável de uma empresa industrial depende diretamente da qualidade da gestão de seus ativos.

Os problemas da má gestão

Apesar de sua relevância, muitas empresas ainda têm baixa maturidade no tema. Isso resulta em aquisições inadequadas, estouros de custo e prazo em projetos, desempenho abaixo do projetado, baixa disponibilidade de equipamentos, problemas de qualidade, altos custos de manutenção e desgaste prematuro. Esses fatores comprometem volumes produzidos, aumentam custos unitários e reduzem o retorno sobre o investimento aprovado pela alta administração.

Como referência, levantamento da Plant Engineering aponta que 24% das fábricas destinam entre 11% e 15% do orçamento anual exclusivamente para manutenção de equipamentos, enquanto 17% investem mais de 15%.

O que envolve a gestão de ativos

Indústrias líderes adotam processos e boas práticas que acompanham todo o ciclo de vida do ativo, desde a decisão de investimento até o descomissionamento. Entre elas, destacam-se:

  • Planejamento de capex alinhado ao plano estratégico.
  • Engenharia de valor para otimização de projetos.
  • Controle rigoroso da construção e do processo de comissionamento e hand off dos ativos para a operação.
  • Planos anuais de manutenção com cronogramas detalhados.
  • Indicadores claros de performance (OEE, MTBF, custo de manutenção, tempo de atendimento), com metas tanto para a operação quanto para a manutenção.
  • Análise de criticidade de equipamentos e conhecimento de seus modos de falha.
  • Definição clara de papéis entre operação, manutenção e engenharia.
  • Padronização do uso dos equipamentos, bem como de inspeções e dos principais tipos de reparos.
  • Processos estruturados de tratamento de falhas.
  • Controle rigoroso do estoque de peças de reposição.

Além disso, entre os obstáculos mais comuns estão a falta de planejamento de longo prazo, limitações técnicas para adoção de novas tecnologias, visão imediatista que provoca atrasos na manutenção e falhas recorrentes, além da ausência de comprometimento da alta direção. Muitas vezes, o tema é delegado apenas à gerência fabril, ignorando sua natureza estratégica.

Empresas que priorizam a gestão de ativos colhem resultados rápidos, como aumento da eficiência, maior estabilidade operacional e melhor qualidade. No médio prazo, é possível observar redução dos custos de manutenção, estoques mais enxutos, menor perda por obsolescência e aumento significativo da vida útil dos equipamentos.

Conexão com a tecnologia

Outro aspecto importante da gestão de ativos é alavancar o uso da tecnologia para facilitar e acelerar a obtenção dos benefícios esperados. Monitoramento em tempo real de performance e paradas de equipamento usando IoT, análise do comportamento de falhas com aprendizado de máquinas e atualização automática dos planos diários de inspeção e manutenção com base em modelos prescritivos são hoje uma realidade e devem integrar o plano de implantação.

Por último, vale o reforço: a gestão de ativos não é um tema “da fábrica”. Ela é um fator estratégico de competitividade que deve estar na agenda dos CEOs e dos conselhos de administração. Quanto antes essa mudança de perspectiva ocorrer, mais preparada estará a empresa para competir no presente e no futuro.

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