Gestão prepara empresas para enfrentar desafios como a guerra das tarifas
Em meio a um cenário global já desafiador para as indústrias brasileiras, seja pela competição com produtos chineses ou pela falta de mão de obra qualificada, o anúncio das novas tarifas norte-americanas expôs fragilidades até então deixadas de lado: a falta de diversificação de mercados e a ausência de gestão eficiente nos negócios.
Há poucas semanas, o governo dos Estados Unidos anunciou que adicionaria 40 pontos percentuais à tarifa de 10% já existente desde abril para importações brasileiras, elevando o imposto a 50%, sob alegações de um possível risco para a economia norte-americana.
Com isso, empresas e analistas do mercado financeiro calculam que, nos próximos meses, o Brasil terá um impacto real traduzido por redução de 0,1 a 0,26 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB). Isso equivale à cerca de R$ 20 bilhões até o fim do ano.
Postos de trabalho em risco
Ao olhar para a manufatura, quase 80% das exportações para os Estados Unidos encaram a realidade das tarifas extras, conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A siderurgia, que passará a pagar 50% de tarifa sobre aço e alumínio, tem no mercado norte-americano um dos principais destinos desses produtos. Além dela, segmentos de bens de maior valor agregado, como máquinas e equipamentos médicos, terão sua competitividade externa comprometida pelo forte aumento de custo.
Como consequência direta, a instituição alerta para a possível perda de 30 mil postos de trabalho no setor.
Ações conjuntas em várias frentes
A despeito do contexto de incerteza – se as tarifas vieram para ficar ou são somente uma forma temporária de pressão – e da perda de força na luta pelo mercado americano, há caminhos para mitigar os efeitos do “tarifaço”.
A competitividade poderá ser preservada por meio de três tipos de ações. O primeiro conecta os setores público e privado. O segundo é a busca e abertura de novos mercados. Por fim, a agenda da eficiência é crucial: lideranças e equipes precisam buscar apoio em novas ferramentas para garantir bons resultados de forma sustentável e duradoura.
Algumas ações recomendadas são:
- Parceria com o governo: participar da negociação diplomática para reduzir tarifas ou obter exceções e aproveitar medidas de apoio. Coordenar a atuação é vital.
- Diversificar mercados: buscar novos destinos e direcionar parte da produção ao mercado interno. É essencial apoiar avanços em acordos comerciais, como o da União Europeia, para estimular a produtividade nacional.
- Aumentar a eficiência: investir em gestão, tecnologia e capacitação para elevar a produtividade e reduzir custos. Melhorias na performance dos negócios darão fôlego para sobreviver e virar o jogo.
Se, por um lado, a implementação das tarifas trouxe um alerta, por outro, também poderá abrir caminho para uma reflexão mais abrangente e estratégica do comércio internacional brasileiro. Nenhuma das ações propostas, isoladamente, conseguirá resolver o problema. Será preciso combinar apoio institucional, diversificação e eficiência interna para atravessar a tempestade com o menor dano possível.
No longo prazo, os benefícios só serão atingidos se houver maior alinhamento entre os agentes internos, redução da dependência de um único mercado e elevação da produtividade. Como em toda jornada, a crise atual pode ser o catalisador de uma transformação positiva.
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