Programas de excelência impulsionam a performance operacional na indústria
Um dos maiores desafios das indústrias, em mercados cada vez mais competitivos, é garantir a melhoria contínua de seu desempenho operacional. Mais do que nunca, reduzir desperdícios, aumentar a eficiência e garantir qualidade são imperativos para satisfazer os clientes e manter o protagonismo nos negócios.
Segundo o dado mais recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2019, 73% das indústrias brasileiras já utilizavam alguma forma de metodologia de melhoria contínua, mesmo que parcialmente.
Nesse contexto, muitas empresas adotam os programas de excelência – conjuntos sistemáticos de práticas e metodologias aplicados para aprimorar, de forma contínua, processos, produtos e serviços de uma organização, passando a permear a cultura operacional.
Trilhando o caminho para a excelência
Iniciativas estruturadas que melhoram continuamente os processos produtivos e gerenciais, esses programas buscam elevar o desempenho rumo à excelência operacional e, diferentemente de projetos pontuais, integram-se ao sistema de gestão. Ao se tornarem parte da rotina diária, podem assegurar resultados sustentáveis no longo prazo.
Vale ressaltar que o foco de um programa de excelência é unificar as melhores práticas nas diferentes unidades ou fábricas de uma empresa. Com isso, aumenta-se a maturidade em gestão e se possibilita a obtenção de melhores resultados operacionais. Esses se refletem em ganhos de eficiência, qualidade e satisfação dos clientes.
Benefícios para a indústria
Quando bem implementados, esses programas podem trazer diversos benefícios. Entre eles, destaca-se a unificação de linguagens e métodos, que padroniza o modo de trabalho em todas as áreas.
Outros pontos de destaque são o foco em resultados, com equipes direcionadas a atingir as metas estratégicas, além do engajamento geral, com maior colaboração entre os times, desde a linha de produção até a diretoria, em torno de objetivos comuns.
Vale sublinhar ainda que esses programas acabam por ser catalisadores de uma mudança cultural, com a busca permanente pela excelência, o que contribui para a sustentação dos ganhos, com disciplina na aplicação das melhores práticas e manutenção dos resultados obtidos.
Desafios na implementação
Apesar dos benefícios, implantar um programa de excelência não é uma tarefa trivial. Muitas iniciativas falham ou ficam aquém do esperado devido a desafios como:
- Benefícios pouco claros e burocracia: quando não há clareza sobre o valor para a operação e o programa é visto como mais uma camada burocrática, sem utilidade aparente;
- Apoio insuficiente e desalinhamento: falta de prioridade e suporte da liderança, e indefinição de papéis entre a matriz e as unidades locais;
- Recursos e incentivos inadequados: avanços identificados não acompanhados de investimento, ou indicadores desconectados dos objetivos do programa.
Quando bem conduzidas, essas iniciativas geram inúmeros resultados tangíveis. Cito como exemplo recente um grupo industrial que redesenhou seu sistema de gestão e viu o consumo de insumos como energia, água e vapor cair 11% em 12 meses – reflexo direto do combate a desperdícios.
No mesmo período, seu Overall Equipment Effectiveness (OEE, ou eficácia geral do equipamento) – métrica que combina disponibilidade, velocidade e qualidade para medir o volume efetivamente produzido – avançou 3%. Já o índice de incidentes teve retração de 7%, demonstrando que eficiência e segurança podem avançar juntas.
Chegar à excelência operacional é uma jornada contínua, não um projeto com fim determinado. Ter uma gestão bem definida, com padrões claros, indicadores e um ciclo permanente de avaliação e melhoria são etapas essenciais para que a excelência deixe de ser discurso e se torne realidade desde o chão da fábrica.
Sempre vale lembrar que programas de excelência são, sim, ferramentas valiosas para todas as indústrias. Mas só verão resultados aqueles que garantirem o comprometimento das lideranças, o alinhamento de objetivos e incentivos e, de fato, os adotarem.
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