Transformar sem generalizar: o cuidado que a indústria exige
Já não é novidade que a transformação dos negócios ganhou velocidade e urgência, especialmente na indústria. É comum que lideranças se encantem por soluções “de prateleira” ou tecnologias da moda. Entretanto, estudos recentes reforçam que o simples uso de ferramentas digitais, sem atenção ao problema real da operação, não garante sucesso.
Um levantamento global da Mordor Intelligence indica que tecnologias como inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina responderam por 27,8% do mercado de transformação digital em 2024 e devem crescer 24,5% ao ano até 2030. Este avanço está concentrado em grandes empresas, que têm capacidade de investir altas somas, mas, não significa que, apenas por dispor dos recursos, irão colher os mesmos resultados desejados somente por adotá-las.
Na mesma linha, pesquisas acadêmicas indicam que a transformação digital na indústria depende de fatores críticos como consciência sobre o problema, preparação interna, escolha tecnológica adequada e alinhamento operacional. Ou seja: o êxito está mais associado à capacidade de escolher e aplicar a solução no local e com a intensidade corretos do que à tecnologia em si.
O olhar que faz a diferença
Para guiar uma transformação que de fato impacte os resultados, as lideranças precisam desenvolver uma competência essencial: a compreensão profunda das dores de cada organização e de que partes de sua cadeira ela se originam.
O risco de generalizar ao aplicar a mesma solução para problemas distintos, na esperança de replicar “o que funcionou em outra empresa” pode gerar investimentos altos e retornos frustrantes. Isso porque processos, cultura, maturidade tecnológica e modelos de operação podem variar radicalmente de uma planta industrial para outra. Inclusive dentro da mesma organização.
Liderar transformação não é copiar o concorrente nem seguir modismos. É identificar o problema certo a ser resolvido, mapear onde há impacto real a ser gerado e construir, com as equipes envolvidas, soluções específicas que façam sentido para aquele caso de uso.
Profundidade e personalização como vetor de valor
Transformação industrial eficaz nasce do equilíbrio entre três dimensões: conexão com a estratégia da empresa (ex: crescimento da produção em um determinado mercado); escolha correta da abordagem de solução de problemas combinando elementos digitais e não digitais; e, cultura de execução e governança fortes. Projetos superficiais podem gerar dashboards vistosos, mas não se sustentam diante dos desafios operacionais e das resistências naturais das organizações.
O que diferencia as iniciativas que prosperam daquelas que se tornam buracos consumidores dos escassos são: investir tempo em um diagnóstico quantitativo e qualitativo realmente profundo dos problemas mais importantes, a coautoria das soluções entre liderança da empresa, operação e área de tecnologia e a escolha certa das soluções livre da pressão dos modismos e “buzz words” que muitas vezes dominam a narrativa do mundo dos negócios.
Seja na automação com IA, na integração de sistemas ou na digitalização de processos, a tecnologia deve estar a serviço da estratégia. No fim das contas, a verdadeira inovação é aquela que resolve o problema certo, no momento certo, com impacto concreto para o negócio e para os clientes.
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