Indústria Inteligente

Transição energética na indústria: reduzir emissões sem perder competitividade

Tema ganhou força não apenas pelo impacto ambiental, mas pelo seu efeito direto na competitividade

A energia deixou de ser apenas um item de custo para a indústria brasileira, tornou-se uma variável estratégica de competitividade. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Balanço Energético Nacional (BEN) 2024, indústria e transporte somaram 64,8% do consumo energético nacional, reforçando que a transição energética já não é opcional.

Nesse cenário, três caminhos se destacam para descarbonizar sem perder margem, melhorar o mix energético, elevar a eficiência operacional e executar projetos de capital.

O Brasil possui vantagens estruturais. Em 2024, 64,4% da energia consumida pela indústria veio de fontes renováveis. Ampliar essa fatia, via autoprodução ou contratos de longo prazo, reduz a dependência de combustíveis fósseis, a volatilidade cambial e a exposição aos preços internacionais. Segundo a CNI, quase metade das indústrias já investiu em energia limpa, e 42% avaliam gerar sua própria energia.

Mesmo assim, há desperdícios significativos. O Roadmap de Ações de Eficiência Energética da EPE aponta que eliminar perdas em motores, compressores, bombas e sistemas de cogeração pode gerar reduções relevantes de consumo. Sistemas de gestão de energia, recuperação de calor residual, automação de utilidades e monitoramento em tempo real são ações que trazem ganhos rápidos e consistentes.

Para mudanças estruturais, entram em jogo projetos de capital, retrofit de utilidades, cogeração, instalação solar ou eólica, redes de calor industrial e soluções de armazenamento. A Bloomberg estima que o Brasil já recebeu US$ 37 bilhões em cautela. Por isso, integrar estratégia industrial, fontes de investimento, execução de capex e governança é fundamental.

Para avançar, recomenda-se:

• Fazer diagnóstico detalhado do consumo, mapeando utilidades e identificando hot spots.
• Precificar alternativas, comparando custos atuais e futuros.
• Avaliar investimentos, priorizando ações rápidas, como a troca de motores, e combinando-as com projetos de médio prazo.
• Montar um plano geral com iniciativas, prazos e responsáveis.
• Implantar governança, definindo KPIs, controles de desempenho e rituais de gestão.

A transição energética nas indústrias brasileiras se apoia em um tripé claro: mix energético inteligente, eficiência operacional e projetos de capital com boa governança. O tema ganhou força não apenas pelo impacto ambiental, mas pelo seu efeito direto na competitividade.

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