Brasil avança com política “Nova Indústria”

No dia 25 de janeiro de 2024, o Brasil deu um passo significativo em direção ao fortalecimento de sua base industrial e à promoção da inovação com o lançamento de sua nova política industrial denominada: Nova Indústria Brasil (NIB), a ser implementada pelo governo federal nos próximos 10 anos, e foi apresentado um plano de ação para 2024 a 2026. A NIB foi elaborada a partir de grupos de trabalho do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e parte de três grandes premissas: primeiro, o fortalecimento da indústria brasileira é a chave para o desenvolvimento sustentável; segundo, o Brasil passou, a partir da década de 1980, por um processo de desindustrialização acelerado com a primarização da indústria produtiva e encurtamento e fragilização dos elos das cadeias; terceiro, que as exportações do País estão concentradas em produtos de baixa complexidade tecnológica.
O anúncio foi recebido com grande expectativa tanto por líderes empresariais quanto por acadêmicos, dada a importância crucial que uma estratégia industrial robusta no desenvolvimento econômico de um país.
Contextualizando a necessidade de uma nova abordagem
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado diversos desafios em sua economia, desde a instabilidade política até crises globais que afetaram os mercados internacionais. Diante desse cenário, tornou-se evidente a necessidade de uma política industrial que não apenas fortaleça os setores tradicionais, mas também impulsione a inovação e a competitividade em nível global.
Principais elementos da nova política industrial
A nova política industrial brasileira adota uma abordagem multifacetada, integrando elementos de sustentabilidade, tecnologia e inclusão social. Entre seus principais pilares, destacam-se:
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- Incentivo à inovação: Reconhecendo a importância da inovação para impulsionar a competitividade, a política industrial oferece incentivos significativos para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Isso inclui a criação de fundos específicos e parcerias público-privadas (PPPs) para apoiar projetos inovadores em diversos setores.
- Desenvolvimento sustentável: Em consonância com os compromissos internacionais de sustentabilidade, a política industrial brasileira enfatiza a adoção de práticas sustentáveis em todas as etapas da produção. Isso inclui desde a redução do uso de recursos naturais até a promoção de energias renováveis e a mitigação dos impactos ambientais.
- Fortalecimento da indústria nacional: Com o objetivo de reduzir a dependência de importações e fortalecer a produção local, a política industrial inclui medidas para incentivar a indústria nacional, como a redução de impostos sobre insumos e a facilitação do acesso a financiamento para pequenas e médias empresas.
- Inclusão social e regional: Reconhecendo as desigualdades socioeconômicas que ainda persistem no País, a nova política industrial também visa promover a inclusão social e regional, garantindo que os benefícios do desenvolvimento industrial sejam distribuídos de forma equitativa por todo o território nacional.
A NIB se fundamenta em seis grandes missões: - Missão 1: Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética;
- Missão 2 – Complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde;
- Missão 3 – Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e o bem-estar nas cidades;
- Missão 4 – Transformação digital da indústria para ampliar a produtividade;
- Missão 5 – Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para as gerações futuras, e
- Missão 6 – Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais.
Perspectivas futuras e desafios a superar
Embora a nova política industrial brasileira represente um passo importante na direção certa, ainda há desafios a serem superados. A implementação eficaz das medidas propostas exigirá uma cooperação estreita entre o governo, o setor privado e a sociedade civil, bem como investimentos contínuos em capacitação e infraestrutura.
Além disso, será fundamental garantir que a política industrial seja flexível o suficiente para se adaptar às mudanças no cenário econômico e tecnológico global, garantindo assim sua relevância e eficácia a longo prazo.
A nova política industrial brasileira representa uma grande oportunidade para o País reafirmar sua posição como um player importante na economia global, promovendo a inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento inclusivo. Ao adotar uma abordagem holística e colaborativa, mas principalmente de longo prazo, o Brasil está pavimentando o caminho para uma economia mais resiliente e preparada para os desafios do século XXI.
Clique aqui para acesso ao documento completo do Plano de Ação para a Neoindustrialização 2024-2026.
Programa Mover vai impulsionar mobilidade sustentável
O Brasil está prestes a dar um grande salto em direção ao futuro da mobilidade sustentável com o lançamento do programa Mover (Mobilidade para o Futuro Verde). Esta iniciativa, anunciada recentemente pelo governo federal, marca uma mudança significativa na estratégia nacional de descarbonização e na promoção de tecnologias limpas no setor automotivo. Substituindo o antigo programa Rota 2030, o Mover coloca o Brasil na fronteira do debate das rotas tecnológicas para carros sustentáveis, com uma série de incentivos e medidas destinadas a impulsionar a adoção de veículos mais limpos e eficientes.

Estratégia de descarbonização e o IPI verde
Um dos pilares fundamentais do Mover é a estratégia de descarbonização do Brasil. Com metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover uma transição para uma economia de baixo carbono, o programa estabelece diretrizes claras para a indústria automotiva nacional. Uma das medidas mais emblemáticas é a implementação do IPI verde, uma nova política tributária que favorece veículos com baixas emissões e tecnologias sustentáveis. Essa abordagem não apenas incentiva a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias, mas também estimula os consumidores a optarem por veículos mais limpos, contribuindo para a redução da poluição atmosférica e mitigação das mudanças climáticas.
Novas tecnologias e inovação
O Mover também visa impulsionar o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias no setor automotivo. Com um foco específico em veículos elétricos, híbridos e outras alternativas de propulsão limpa, o programa incentiva a pesquisa e o investimento em inovação. Isso não só fortalece a competitividade da indústria nacional, mas também posiciona o Brasil como um player relevante no mercado global de veículos sustentáveis. Além disso, o Mover estimula parcerias entre empresas, universidades e instituições de pesquisa, criando um ecossistema colaborativo que impulsiona a inovação tecnológica e o desenvolvimento de soluções disruptivas.
Incentivos em comparação internacional
Ao analisar o Mover, é importante destacar como este tipo de incentivo ocorre em outros países ao redor do mundo. Nações como Noruega, Alemanha, China e Estados Unidos têm implementado políticas semelhantes de incentivo à mobilidade sustentável, com medidas como subsídios para a compra de veículos elétricos, isenções fiscais e investimentos em infraestrutura de recarga. Essas iniciativas têm sido cruciais para acelerar a adoção de veículos limpos e reduzir a dependência de combustíveis fósseis, além de impulsionar a inovação e o crescimento econômico em setores relacionados.
Desafios e oportunidades
Apesar do potencial transformador do Mover, ainda existem desafios a serem enfrentados. Questões como a disponibilidade de infraestrutura de recarga, custo dos veículos elétricos e a necessidade de capacitação da mão de obra são aspectos que requerem atenção e investimento por parte do governo e da indústria. No entanto, esses desafios também representam oportunidades para o Brasil se posicionar como um líder na transição para uma economia de baixo carbono, gerando empregos, atraindo investimentos e promovendo o desenvolvimento sustentável. Outra grande oportunidade que vale destacar, é o domínio brasileiro de tecnologias e rotas tecnológicas complementares que facilitarão o processo de transição.
Em suma, o programa Mover representa um marco importante na jornada do Brasil rumo a uma mobilidade mais limpa e eficiente. Ao promover a inovação, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e impulsionar a indústria automotiva nacional, o país se posiciona na vanguarda do debate das rotas tecnológicas para carros sustentáveis, abrindo caminho para um futuro mais verde e próspero.
Clique aqui para acesso ao documento completo da Medida Provisória.
*Página produzida por Janayna Bhering, engenheira com mestrado em Ciência e Tecnologia, especialista em estatística aplicada a processos (Six Sigma Black Belt) e gestão da inovação.
Atua no ecossistema de inovação há 20 anos, o que permitiu estruturar uma grande rede de conexões e parceiros estratégicos que vão desde governo, agentes financiadores, empresas e ICTs.
Atua em esforços públicos e privados para gerar impacto positivo na vida das pessoas por meio da inovação, buscando contribuir para a construção de políticas públicas de Estado.
Já captou cerca de R$ 2 bilhões para projetos inovadores, mais de 1.000 startups mentoradas, mais 100 empresas de grande porte atendidas no tema inovação. Alguns exemplos de programas estruturantes em que atua junto ao governo federal são Rota 2030, Plataforma Nacional Da Mobilidade Elétrica.
Atua como executiva Fundep, VP executiva na ACMINAS, membro conselho Inovação SAE4MOBILITY.
@janaynabhering Linkedin: linkedin.com/in/janaynabhering
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