Brasil define prioridades em Ciência, Tecnologia e Inovação para a próxima década
O lançamento da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2024 –2034, apresentado no dia 4 de dezembro pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), no Palácio do Planalto, marca um novo capítulo para a política científica brasileira. Mais do que um documento orientador, a ENCTI representa um pacto nacional: transformar conhecimento em valor econômico, social e ambiental, com foco em inclusão, sustentabilidade e soberania tecnológica.
Construída de forma inédita, com contribuições de mais de 100 mil pessoas, entre especialistas, instituições, setores produtivos e sociedade civil, a estratégia mira desafios que definirão a competitividade global nas próximas décadas. A proposta é clara: fortalecer o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, ampliar investimentos e alinhar capacidades científicas às demandas de reindustrialização e de desenvolvimento sustentável.
A ENCTI se organiza em quatro eixos centrais. O primeiro propõe a expansão e integração do ecossistema de CT&I, articulando universidades, institutos de pesquisa, empresas e governos. O segundo mira a inovação empresarial e a reindustrialização, temas urgentes para reposicionar o Brasil em cadeias produtivas intensivas em tecnologia. O terceiro eixo foca projetos estratégicos para a soberania tecnológica, envolvendo áreas sensíveis como semicondutores, inteligência artificial, tecnologias quânticas e defesa. Por fim, o quarto eixo reforça o papel da ciência como motor de desenvolvimento social, orientando políticas para saúde, educação, meio ambiente e redução de desigualdades.
O País chega a esse debate com reconhecida liderança em agrociências, bioeconomia, biodiversidade e saúde pública. Ao mesmo tempo, encara desafios que exigem coordenação de esforços e investimentos estruturantes, especialmente na corrida global pela inteligência artificial (IA), transição energética e materiais avançados. A ENCTI busca justamente criar as condições para que competências científicas se convertam em inovação de alto impacto.
Aberta à consulta pública entre 5 e 20 de dezembro, na plataforma Brasil Participativo, a estratégia convida toda a sociedade a contribuir. É uma oportunidade rara: ajudar a definir agora os rumos da ciência, da tecnologia e da inovação que moldarão o Brasil dos próximos dez anos.
Se bem executada, a nova estratégia pode se tornar o eixo articulador entre pesquisa, indústria e políticas públicas, impulsionando setores estratégicos e atraindo novos investimentos. A consulta pública é o primeiro passo desse processo: ouvir a sociedade para traduzir capacidades científicas em oportunidades econômicas e sociais. O desafio agora é transformar diretrizes em resultados que sustentem um ciclo duradouro de inovação e competitividade. O resultado, esperado para o próximo ano, pode consolidar a base de uma política de Estado capaz de reposicionar o Brasil no cenário global da inovação.
A ENCTI 2024–2034 sinaliza que o País está disposto a ocupar um lugar de protagonismo, combinando produção de conhecimento, visão de futuro e compromisso com o desenvolvimento sustentável.
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