Nova esperança para recuperação de pacientes

Lesões nos nervos periféricos são um problema sério em nosso mundo moderno, sendo cada vez mais comuns devido a diversos fatores, como acidentes de viagem e conflitos armados. Essas lesões podem afetar tanto a capacidade de movimento quanto a sensibilidade de uma pessoa, representando um desafio significativo para os médicos. Embora seja relativamente fácil diagnosticar essas lesões, tratá-las é uma tarefa complexa.
Até hoje, a técnica cirúrgica padrão para tratar lesões nervosas periféricas envolve o uso de autoenxertos, que são nervos retirados do próprio corpo do paciente para preencher a área danificada. No entanto, essa abordagem tem suas limitações, deixando o local doador com uma nova lesão. É como se o tratamento não tivesse evoluído muito nos últimos 100 anos.
Felizmente, novas abordagens estão surgindo. Uma delas são os chamados condutos neuronais, estruturas que ajudam no crescimento dos nervos danificados, facilitando a recuperação após uma lesão. Esses condutos podem ser feitos de diferentes materiais e oferecem um ambiente favorável para a regeneração nervosa.
Entretanto, os condutos tradicionais, como os feitos de silicone, ainda têm suas limitações. É aqui que entra uma nova solução promissora: os condutos neuronais de polímero condutor, que representam uma abordagem de última geração para a regeneração neural. Esses condutos são feitos de materiais que conduzem eletricidade, o que é crucial, já que os sinais nervosos são essencialmente elétricos.
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Aqui vem a parte realmente empolgante: os MXenes. Esses materiais, semelhantes ao grafeno, são uma nova classe de nanomateriais bidimensionais que possuem alta eletrocondutividade, tornando-os ideais para uso em condutos neuronais. Além disso, são biocompatíveis e não tóxicos, tornando-os seguros para uso médico.
Embora os MXenes estejam ainda em fase de pesquisa ativa, já estão sendo aplicados em projetos inovadores, como os condutos neuronais de próxima geração. Empresas como a CarbonUkraine, em Kiev, Ucrânia, estão colaborando com pesquisadores acadêmicos para desenvolver e comercializar tecnologias baseadas em MXene. É importante ressaltar que a Carbon Ukraine assinou um contrato de licença com a Drexel University naFiladélfia, EUA, a inventorainicial do MXenes, para fornecer MXenes e produtos relacionados aoMXene em todo o mundo.
Essas parcerias são fundamentais para impulsionar o avanço desses materiais revolucionários, conforme depoimento do Dr SergiyKyrylenko, PhD, pesquisador principal do Centro de Pesquisa Biomédica, Instituto Médico Acadêmico e de Pesquisa da Universidade Estadual de Sumy, Sumy, Ucrânia concedido em entrevista para esta coluna.
“Recentemente, no Laboratório de Regeneração Nervosa da Universidade Estadual de Campinas Unicamp, juntamente com o Professor Alexandre Oliveira iniciou-se uma série de experimentos em animais de laboratório para comprovar o conceito de conduítes neuronais de polímero condutor baseados em MXene para apoiar a regeneração neuronal. Os experimentos ainda estão em andamento, mas já há resultados promissores. Na verdade, os animais tratados com os novos condutos recuperam a capacidade de usar a pata lesionada muito mais rapidamente do que com a neurocirurgia utilizada atualmente.
Esse tipo de pesquisa de ponta exige que muitos laboratórios unam esforços para encontrar novas soluções para velhos problemas. Para o desenvolvimento de condutas de polímeros condutores organizamos um consórcio multidisciplinar de oito universidades e três empresas de I&D da Ucrânia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Checa, França, Finlândia, Portugal e Brasil. A investigação é apoiada pela bolsa de investigação do projeto HORIZON-MSCA-2022-SE-01 101131147 ESCULAPE fornecida pela ComissãoEuropeia. Somente juntos seremos capazes de enfrentar os desafios da regeneração neuronal e de outros campos da ciência e da tecnologia!”
Em resumo, os condutos neuronais de polímero condutor revestidos com MXenes oferecem uma nova esperança para o tratamento de lesões nervosas periféricas. Embora ainda haja desafios a superar, o futuro parece promissor, graças ao poder da inovação e da colaboração entre academia e indústria.
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