Liderança em diálogo

Como balancear resultados e cuidado nas atividades da empresa

O líder é peça-chave para a conquista de melhores condições de trabalho

Propus em meu texto anterior desta coluna que os líderes passassem a fazer exercícios de ampliação da noção de cuidado. Que incluíssem mais pessoas, um prazo mais longo e maiores territórios em seus raciocínios.

Hoje vamos falar sobre operações. Aquela etapa em que os insumos e recursos estão em seus lugares e é hora de começar a produzir, comercializar ou prestar o serviço. Hora de produtividade, de eficiência, de fazer mais com menos para contribuir com a finalidade lucrativa, certo?

O lado luminoso de se fazer mais com menos é estar atento e não dar margem para o desperdício de recursos. Entendo esse princípio como uma expressão de cuidado, quando está a serviço de preservar o que não precisaria ser consumido para atingir o mesmo resultado.

Existe, porém, o lado sombrio de se fazer mais com menos. Que condições estão sendo dadas a quem está produzindo? Estamos atentos às manutenções e pausas necessárias para a segurança de todos? A que custo não monetário estamos entregando o que entregamos?

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A resiliência (esta palavra tão festejada em ambientes acostumados a valorizar a superação dos limites) é originalmente uma denominação da física dos materiais. Define-se como a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. Em sentido figurado, aplicável às pessoas, é a capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.

A depender de quem está lendo o parágrafo acima, a sensação resultante será positiva ou negativa. Se o leitor valoriza a resiliência como algo muito bom, terá sensações positivas. Quem ainda não está tão convencido assim provavelmente sentirá incômodo ao ler as palavras “submetidos”, “deformação“, “má sorte”. E ficará pensativo a respeito da palavra “mudança“, que pode ser positiva ou negativa. Ser resiliente a tudo o que existe de pior é nossa melhor expressão de cuidado?

Falávamos das operações, especificamente sobre fazer mais com menos. Como você, como líder, se relaciona com essa ideia?

O líder de equipe é o elemento-chave para a conquista de melhores condições de trabalho. Se muitas vezes é difícil para o líder direto acompanhar todos os detalhes das atividades que estão sendo realizadas, para líderes que ocupam posições mais altas da hierarquia isso é ainda mais difícil.
Cabe ao líder direto, com suas habilidades de clareza, discernimento e persuasão, conquistar investimentos em equipamentos e materiais, prazos adequados, pessoal qualificado, enfim, tudo o que é necessário para uma boa entrega.

Por outro lado, é fundamental que esse líder apresente resultados condizentes com os investimentos realizados.

Além das habilidades de gestão, desenvolvimento, avaliação e redirecionamento que vão gerar esses resultados, são suas habilidades de rapport, storytelling, curadoria de conteúdos, etc., que precisam ser mobilizadas para que um bom trabalho não seja julgado mediano por alguém que não conhece os meandros da atividade e seus desafios.

Cada aspecto de uma liderança revela sua capacidade de cuidado: com a saúde da equipe, com a saúde da empresa, com a saúde do planeta.

Em que medida você tem cuidado do cuidado como drive da sua liderança?

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