Liderança em diálogo

E para as equipes, quem os líderes têm chamado?

Montar equipes envolve muito mais do que se pode ver num currículo ou perfil de Linkedin

Se para convidar para uma reunião é recomendada uma escolha criteriosa das pessoas, o que dizer sobre a decisão de quem chamar para integrar uma equipe?

O principal desafio de uma mentorada minha é ter recebido de presente uma equipe formada por beneficiários de programas de educação oferecidos pela ONG em que ela trabalha. Postura extremamente elogiável do ponto de vista da inclusão, coerente com uma organização que busca oferecer oportunidades e reduzir desigualdades sociais. Para ela que foi contratada com a missão de profissionalizar a área, é um desafio imenso.

Montar a equipe do zero também tem suas complicações. Quem já morou em várias cidades pelo mundo (não é o meu caso) invariavelmente chega a conclusão de que não existe essa localidade que reúna todos os aspectos positivos e apague as saudades que ficaram das demais ao longo da jornada. Também quando se escolhe entre muitos perfis de candidatos, algum tipo de renúncia consciente é necessária. Enquanto um seria muito benéfico para trazer uma energia diferente para a equipe, o outro agregaria mais tecnicamente. Paciência. De alguma coisa o líder terá que abrir mão.

Uma vez contratado, é tarefa do líder integrar o liderado à cultura da empresa e promover a coesão entre os integrantes da equipe – o que também significa lidar com todas as emoções e consequências que a entrada de um novo elemento no sistema provoca. Integração é algo que se conquista e se aprofunda com o tempo e nunca estará completamente garantida.

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Quando facilitamos conversas pela CoCriar, é somente em contextos muito específicos que não atuamos em uma dupla de facilitadores. Prezamos muito pela fluidez e flexibilidade nos processos de conversa e estes sempre contam com uma certa dose de imprevisibilidade. Sem uma dupla, nem sempre é possível perceber movimentos, alterar rotas ou aproveitar oportunidades com elegância. Trabalhamos na configuração menos difícil: apenas duas pessoas para entrar em acordo. Ainda assim, trabalhar com sócios que me acompanham há 15 anos é certamente um ativo valiosíssimo. Com esse tempo de jornada conjunta passamos da fase de “aparar as arestas” e já entramos num nível de coesão em que um consegue dar cobertura às vulnerabilidades do outro.

Então equipes que contam com estabilidade no emprego levam vantagem em termos de coesão da equipe? Não é assim tão simples. Assim como nos casamentos, é possível que pessoas estejam juntas “até que a morte as separe” sem que essa união seja propriamente feliz.

Já ouvi depoimentos de que a contratação de uma pessoa com síndrome de down teve uma influência muito positiva na redução da tensão da equipe. Ao adicionar um integrante com essa característica, o grupo equilibrou seu foco na tarefa com o cuidado com as relações.

Remanejamentos estratégicos – que retiraram de uma área específica dois focos de desarticulação e intriga – são algumas vezes essenciais para tornar uma equipe mais funcional.

Compor uma equipe, escolhendo quem trazer, quem manter e quem retirar é uma arte que requer sensibilidade e sabedoria.

Você já olhou para sua equipe hoje, para além das competências e requisitos técnicos que elas desenvolveram ao longo de suas carreiras?

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