Coluna

O fim da era dos super-heróis nas empresas

O fim da era dos super-heróis nas empresas
Foto: Eliane Ramos

Você já deve ter ouvido falar da Síndrome do Impostor, tema bastante comentado nos últimos anos, especialmente nas áreas voltadas para a gestão de pessoas. Esse termo está relacionado a uma condição que acomete profissionais capacitados e competentes, mas que são inseguros quanto ao seu potencial e não se sentem suficientemente bons para o sucesso, o que gera impactos negativos para a carreira e para a vida. É importante ressaltar que, em muitos desses casos, não se trata apenas de um problema individual e pessoal, mas de uma situação que pode – e deve – ser trabalhada coletivamente, dentro da cultura da empresa, por meio de líderes conscientes e empáticos, capazes de proporcionarem um ambiente de trabalho acolhedor e focado no desenvolvimento de todos os stakeholders.

Isso porque, de modo geral, a Síndrome do Impostor é desencadeada por uma autocobrança excessiva, intolerância em relação aos próprios erros, comparação exagerada e necessidade de agradar a todos. Em parte, é o resultado de uma era em que se valorizava os “super-heróis” nas organizações. Hoje, no entanto, esse mito acabou. Já entendemos que essa situação leva ao adoecimento, além de que os “super-heróis” funcionam melhor em equipe. Aliás, uma das grandes mudanças que a pandemia da Covid-19 acelerou foi a transformação de um antigo estilo de comando e controle das lideranças para um modelo mais colaborativo e empático. Não há dúvidas de que a abordagem humana é fundamental em qualquer empresa. Os líderes atuais não têm a função de gerenciar pessoas, mas estão em suas posições para criar um ambiente onde os profissionais se autogerenciem e encontrem um sentido, um propósito para o trabalho.

Não é uma missão fácil, especialmente em um mundo onde tudo tem contribuído para que os indivíduos sejam extremamente exigentes, porém essa “régua” está alta. As pressões são muitas e a necessidade constante de superação acaba se tornando um vício. Nesse sentido, é comum que muitos profissionais fiquem em dúvida sobre a sua própria competência e acabem ficando com o moral baixo e a autoestima prejudicada, embora sejam altamente qualificados. Sentimentos que não são compartilhados e vão angustiando de forma silenciosa até comprometerem, de algum modo, a qualidade e a velocidade das decisões, a comunicação, o ambiente corporativo e saúde mental dos indivíduos.

Então, a agilidade e a adaptabilidade são essenciais para viver nesse momento de incertezas no meio corporativo. É crucial desenvolver a fluência digital (Big Data, computação em nuvens, inteligência artificial) para garantir a empregabilidade, mas os novos postos de trabalho nos próximos cinco anos, segundo o Fórum Econômico Mundial, estão muito ligados às habilidades comportamentais, que é o pensamento criativo e analítico, resiliência, flexibilidade, habilidades de autogerenciamento, aprendizado ativo e tolerância ao estresse, além da pauta ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance). Sendo assim, as organizações buscam manter equipes mais autônomas, em que o bem-estar dos colaboradores e a aprendizagem contínua sejam os pilares.

Dessa forma, os líderes procuram inovar e atuar de forma humanizada. Eles não precisam, necessariamente, criar espaços para as pessoas se automotivarem e afastarem a Síndrome do Impostor, mas devem cuidar dos profissionais e mostrar que acreditam neles. Hoje em dia, não são só resultados lógicos ou os objetivos factuais que importam para uma corporação. As características comportamentais (soft skills) são muito importantes e contam pontos também.

É o momento de oferecer inspiração aos profissionais, estimular um desejo saudável de ser melhor, dentro do seu próprio potencial, o que é diferente de comparação e cobrança: envolve celebrar vitórias, reconhecer os acertos, analisar a trajetória e as experiências, celebrar a evolução e, ainda, gerar relacionamentos produtivos. Melhorias são sempre bem-vindas, mas dentro de metas reais e possíveis, com leveza e confiança em si mesmo e no time que você faz parte. Se suas ações e atitudes inspirarem as pessoas que fazem parte da sua vida a serem melhores, tenha certeza de que você exerce uma Liderança Consciente.

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