Como será o Brasil em 2060?
Ao se tratar de futuro, muitas transformações ocorrem lentamente. Em geral, dimensões demográfica, cultural e econômica têm um processo gradual de evolução. A mudança é lenta, mas impactante.
Para exemplificar, analiso a seguir as forças que estão transformando o Brasil em uma projeção de transformação até 2060. Chamo a primeira de “Marcha para o Pacífico”. Em uma alusão histórica ao que aconteceu nos EUA, nos séculos 18 e 19, o Brasil passou a seguir o mesmo padrão nos séculos 20 e 21, pelo menos, desde a fundação de Brasília e da marcha do agronegócio para o Centro-Oeste, com um país feito da costa do atlântico para o interior ao longo dos séculos.
Nos séculos 20 e 21, os principais grupos migratórios no país têm sido os gaúchos (por novas terras) e os nordestinos (por mais oportunidades). Com isso, avançam fronteiras agrícolas e econômicas, dentro e fora do Brasil. Se projetarmos este fluxo para os próximos 40 anos, podemos imaginar que diversos países da região terão se integrado econômica e demograficamente, não necessariamente politicamente.
Um segundo movimento é o da urbanização, que avança desde a década de 1930 e tem como um dos seus principais efeitos a redução na taxa de fertilidade, caindo de 6 filhos na década de 1960 para menos de 2 filhos (1,65 em 2020). O que causa dois efeitos importantes: redução do crescimento da população e com menos filhos, as crianças passam a herdar mais patrimônios e começam a vida com mais recursos.
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O efeito combinado é uma população mais rica, mais urbana e um menor crescimento de população. Quando a classe média cresce ao ponto de se tornar majoritária, falta mão de obra barata, uma situação que pode ser resolvida por uma combinação de imigração e tecnologia de automação.
Existe ainda um terceiro movimento complementar ao de urbanização que é o aumento da longevidade. Aqui, o efeito será de uma população longeva com expectativas de vida ultrapassando os 100 anos.
O quarto movimento é o fato da população no país se tornar cada vez mais evangélica. Projeções mostram que deve ultrapassar a população católica no começo da década de 2030. Os evangélicos tendem a acumular mais capital e investir mais em educação de uma maneira geral.
O efeito composto destes movimentos aponta para um país diferente. Se olharmos o Brasil em 1980 e compararmos com esta projeção de 2060, estamos atualmente no meio de uma transição, em plena mudança, mas por ser lenta, é de difícil percepção.
Nas décadas de 1960 e 1970 existiu um êxodo rural e a população brasileira se aglomerava nas periferias das grandes cidades com uma taxa de fertilidade alta. Na década de 1980, o brasileiro “médio“ era um jovem pobre católico da periferia. Já o Brasil de 2060 será, “em média”, com uma pessoa de meia-idade, classe média, em cidades de médio porte e evangélica. Isto irá mudar o Brasil de diversas maneiras. Será um país bem diferente de hoje!
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