China: um gigante com ‘pés de barro’
A China tem crescido rapidamente nas últimas quatro décadas desde que Deng Xiaoping começou a abertura do mercado chinês para investimento estrangeiro. Entretanto, este modelo de crescimento está se esgotando por diversos motivos.
Os problemas começam pelo fim do crescimento da população. Com uma taxa de fertilidade de 1,16 filho por mulher (2021), a população começou a encolher e se projeta ser reduzida dos atuais 1,4 bilhão para 660 milhões até 2100. Essa mudança implica em um envelhecimento acentuado e já forçou a revisão das idades de aposentadoria.
O governo eliminou a política do filho único e agora tenta estimular as mulheres a “largarem suas carreiras” e virarem mães. Mas isso dificilmente irá funcionar, pois a mudança cultural de uma mulher com desejos de maior liberdade e igualdade já se consolidou.
Além disso, a China tem uma parte de sua economia baseada em construção civil e estas já estão em sobre capacidade.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Estima-se que existam residências para 2,8 bilhões de pessoas, dobro da população. Isso coloca o setor de construção civil numa posição complicada, pois construções novas são cada vez menos necessárias.
O governo lançou um pacote de estímulo à economia para evitar uma crise maior, o que não resolve o problema de maneira estrutural, apenas adia uma crise.
A China tem uma dependência forte de recursos naturais vindos de fora, como comida, petróleo e ferro. Isso implica numa vulnerabilidade a diversos problemas políticos pelo mundo, em especial no Oriente Médio, onde uma guerra que “feche” o estreito de Ormuz implicaria numa escassez de petróleo. Isso requer uma capacidade militar de intervenção que a China não tem ainda.
A política chinesa em relação ao mar do sul da China é definida pela “linha de nove traços” que define as pretensões chinesas naquela região, e isso está levando a confrontos com Filipinas, Vietnã e Malásia.
O país está em franco processo de aumento de suas capacidades militares, expandindo seu arsenal nuclear de 500 para 1.500 ogivas, e sua frota aeronaval de atuais três para seis porta-aviões até 2035. E isso coincide com a declaração explícita de que pretendem “resolver o problema de Taiwan” até o final da década que vem.
A China pretende ser capaz não só de projetar forças militares em torno de Taiwan, mas também no mar do sul da China para manter abertos para a navegação os estreitos de Malaca, Sunda e Lombok. Cerca de 60% a 70% de tudo que entra e sai da China passa pelo estreito de Malaca, entre a ilha de Sumatra e a península da Malásia, e que na ponta tem a ilha de Cingapura. Uma “artéria comercial” que os chineses precisam manter aberta para continuar a receber insumos.
A China é liderada por uma ditadura de um homem só, o que leva a uma vulnerabilidade intrínseca, pois todo homem vai envelhecer e morrer. O processo de sucessão será complexo e, em muitos casos na história, isso levou a uma guerra civil.
O resultado é uma grande e crescente vulnerabilidade estrutural pelo menos nos próximos 20 anos.
Ouça a rádio de Minas