Energia limpa impulsiona nova fase do desenvolvimento brasileiro

Para que o Brasil aproveite e mantenha a posição de destaque, é necessário que governos, setor privado e sociedade se articulem, de modo que os potenciais identificados se tornem úteis e agreguem valor e competitividade aos produtos nacionais. “Daqui a pouco, o aço ou o minério que sair de Minas será entregue ao exterior com um selo verde, que lhe conferirá preço diferenciado no mercado”, reforça o líder de Energia e Recursos Naturais da EY, Afonso Sartorio.
Mas é preciso correr contra o tempo. “O Brasil dá muito ‘voo de galinha’ e não pode estar no meio do voo e aterrissar, porque o País é uma potência relativa. Os Tigres Asiáticos nos ultrapassaram. Ou seja, se piscarmos, perdemos o timing. O mundo está investindo. Temos um potencial enorme de geração de hidrogênio verde. O Chile também tem e está avançando; países europeus e a China também estão investindo”, alerta.
No âmbito do governo, ele chama a atenção para a infraestrutura, área que já vem recebendo investimentos por meio dos leilões de geração e distribuição, mas alerta que o movimento precisa continuar.
Nesse sentido, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destaca que a transição energética já é uma realidade e que o Brasil se sobressai naturalmente por sua matriz energética. Segundo ele, além do enfrentamento às mudanças climáticas e da salvaguarda do planeta, a transição energética representa uma grande oportunidade para a chamada “economia verde”. Por isso, o governo federal tem trabalhado na criação de políticas públicas e marcos regulatórios para o setor.
“Lançamos, por exemplo, a Política Nacional de Transição Energética. Estimamos que o Brasil tenha potencial para receber cerca de R$ 2 trilhões em investimentos na economia verde – em energia solar, eólica, hídrica, biomassa, biocombustíveis, hidrogênio verde e muito mais. Temos a chance de reerguer a indústria nacional em bases sustentáveis, agregando valor ao produto brasileiro, produzido com energia limpa e renovável, e impulsionando o uso do nosso conteúdo local”, diz.
O ministro também cita a Lei do Combustível do Futuro, que visa à descarbonização do setor de transportes e fortalece a cadeia nacional dos biocombustíveis – como o etanol, o biodiesel e o Combustível Sustentável de Aviação (SAF) -, além do Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão, que cria oportunidades de investimento no País, com potencial de aplicação no setor industrial voltado a uma tecnologia ainda emergente.
Silveira reforça, ainda, a representatividade de Minas na área. “Entre 2023 e 2025, o Estado triplicou a capacidade de geração centralizada de energia solar. Mais de 40% da energia gerada no País vem de Minas, principalmente das regiões Norte e Nordeste. Até 2030, a previsão é de que sejam investidos R$ 8,8 bilhões no setor. E, para garantir o escoamento de toda essa energia produzida, contratamos R$ 20 bilhões em obras de construção de linhas de transmissão”, detalha.
Minas Gerais se consolida como polo estratégico
Em Minas Gerais, o secretário de Estado Adjunto de Desenvolvimento Econômico, Frederico Amaral, reforça que, entre 2015 e 2024, o Estado passou por uma transformação estrutural na matriz elétrica, diminuindo gradualmente a dependência da energia hidrelétrica – de 74% para 65,8% da matriz – e consolidando Minas como referência em fontes renováveis diversas.
Ele destaca a energia solar, hoje a segunda principal fonte de energia no Estado, responsável por mais de 22% da matriz, e a biomassa como a terceira mais relevante, com cerca de 10% da geração. “Isso garante diversidade e estabilidade à produção”, afirma.
No que se refere aos minerais críticos – essenciais para os setores estratégicos, especialmente para a transição energética -, Minas já atraiu mais de R$ 16 bilhões em investimentos, gerando mais de 7 mil empregos, com destaque para o lítio, cobalto, grafite e manganês, indispensáveis à fabricação de baterias de veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia renovável. Segundo o secretário adjunto, o governo tem trabalhado para que não apenas a extração do lítio ocorra no Estado, mas também a agregação de valor, gerando mais emprego, renda e desenvolvimento tecnológico.
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