Estamos caminhando para o fim do crescimento populacional?
Em ciências sociais, costuma-se dizer que “demografia é o futuro que já aconteceu”. As projeções costumam ser tão confiáveis que raramente erram. As taxas de mortalidade e natalidade se alteram lentamente e em taxas bem previsíveis.
Entretanto, nas décadas de 1960 e 1970, houve um certo pânico com o crescimento acelerado da população mundial no pós-guerra. A melhoria da qualidade de vida com o acesso cada vez maior água, esgoto e eletricidade, permitiram a redução da mortalidade infantil e, com isso, as populações elevaram a expectativa de vida ao nascer. Este fenômeno, que começou na Europa no final do século 19, agora chegava ao mundo todo.
Na década de 1970, a população atingiu 4 bilhões e projetava que iria dobrar para 8 em 30 anos, e para 16 em outros 30 anos. Isso tornaria a situação global muito próxima ao predito por Malthus em 1798. Esta previsão catastrófica não se consolidou devido ao efeito de urbanização. Numa sociedade rural, ter filhos gera dinheiro, mas num ambiente urbano, filhos são um investimento alto.
As taxas de fertilidade desabaram e a população só veio a dobrar atingindo 8 bilhões em 2022, e as projeções futuras indicam um máximo populacional entre 10 e 11 bilhões por volta de 2070 e 2080.
A projeção da China é a de que sua população vai encolher de 1,4 bilhão para 700 milhões até 2100. O Brasil deve crescer até 250 milhões por volta de 2050 e depois cair para 160 milhões. A Rússia deve encolher de 140 para 126 milhões. O crescimento que ainda vai ocorrer virá da Índia, sudeste da Ásia e África. Os EUA devem continuar a crescer graças a imigração – sem esta, eles devem encolher.
O fim do crescimento populacional tem um lado bom e um negativo. O bom é que a armadilha Malthusiana do crescimento exponencial não irá se concretizar. Isso permitirá retirar a população da miséria sem destruir os ecossistemas do planeta. Junte-se a isso novos recursos vindos de fora do planeta com o avanço da tecnologia espacial e podemos ver uma sociedade com relativa abundância de recursos.
O ruim é que o sistema de trocas global depende de crescimento populacional para girar a economia. Este crescimento vai não só desaparecer, como reverter para um encolhimento. Isso significa que, para compensar a economia, será necessário estimular o maior consumo individual, ou imigração das regiões aonde ainda se tem crescimento populacional, ou ainda estimular uma maior taxa de fertilidade.
Imigração tem sido fonte de problemas nos EUA e na Europa nos últimos anos, mas ela em si não é ruim. Ao contrário, ela é a base de compensação da perda de fertilidade em geral. Brasil e EUA são exemplos de países feitos na base da imigração e assimilação destes contingentes populacionais.
Embora se tenha um medo hoje de crescimento populacional e imigração, esses fatores devem ser entendidos no tempo de forma diferente. O crescimento populacional está perto do final, a imigração pode ser benéfica para compensar este fato.
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