Pensando o Futuro

Europa vive rearmamento e intensifica investimentos em tecnologia

Principal projeto é o até então divulgado Readiness 2030

A mudança de postura do governo dos EUA em relação à Europa este ano fez com que os europeus decidissem se rearmar e investir fortemente em infraestrutura para uma eventual guerra com a Rússia.
O projeto principal, divulgado até agora, é o Readiness 2030, que ainda não está completamente pronto em sua concepção, mas documentos já foram divulgados dando as linhas gerais.

Na essência, são €$ 800 bilhões em sete “capacidades críticas”, todas elas deverão gerar desdobramentos em termos de tecnologia e capacidade industrial. Em paralelo, a Europa vem investindo fortemente em energia nuclear com estimados US$ 132 bilhões. Este investimento tem por objetivo reduzir a dependência de combustível fóssil e permitir a expansão de consumo por IA.

A 1ª das capacidades críticas listadas é a de defesa antiaérea e antimíssil. A experiência do conflito na Ucrânia e do conflito entre Irã e Israel nos últimos anos mostrou que boa parte do combate vem de mísseis de cruzeiro, drones e mísseis balísticos sendo utilizados contra alvos militares, infraestrutura e, em alguns casos, alvos civis para causar terror. Além disso, no caso de uma guerra contra a Rússia, existe a ameaça de ogivas nucleares lançadas por aviões e mísseis.

A 2ª capacidade é a de artilharia, e a 3ª é a de munições e mísseis. Ficou claro na guerra da Ucrânia que o consumo de munição de artilharia era muito mais alto do que o esperado até então. Como o conflito não mais envolve grandes movimentos blindados como se esperou por décadas, e na verdade ele se assemelha mais a guerras estáticas de atrito, a artilharia se tornou essencial. A capacidade de produção industrial tem de ser muito aumentada.

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A 4ª capacidade é a de drones e contra-drones. A guerra na Ucrânia mostrou que este tipo de sistema, que já vinha ganhando destaque desde os anos 2000, agora virou parte do dia a dia do combate, e que drones baratos e controlados por sistemas simples têm um lugar importante no arsenal. Eles servem para reconhecimento, ataques suicidas e até contra outros drones.

A 5ª capacidade é a mobilidade militar. O foco aqui está mais na infraestrutura de mobilidade, como corredores de transporte, portos e aeroportos. Isto irá melhorar muito a logística na Europa.
A 6ª capacidade se relaciona com novas tecnologias eletrônicas. Aqui entra toda a transformação digital, como tecnologias existentes e outras ainda em desenvolvimento. A demanda de energia deverá ser suprida pelos investimentos em energia nuclear.

A 7ª e última capacidade é a de “viabilizadores estratégicos” que inclui capacidade de transporte aéreo, reabastecimento em voo, domínio aeronaval, reconhecimento e inteligência e equipamento espacial.

Historicamente, o investimento em forças armadas desenvolve a indústria e a tecnologia, e provavelmente estimulará a economia da Europa. Disto podem surgir diversas oportunidades para empresas do Brasil de trabalhar nestas cadeias de produção de alto valor agregado. 

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