Futuro do mercado de trabalho: gargalo não está na falta de empregos, mas na qualificação
O surgimento de ferramentas de inteligência artificial nos últimos anos reacendeu o medo da destruição de empregos. Mas, este não será o caso, ao contrário: irão surgir mais empregos do que serão destruídos e o problema será a qualificação, que será resolvido até 2040.
O processo para entender esta mudança se chama destruição criativa, descrito por Joseph Schumpeter ao perceber que a indústria do cavalo estava sendo destruída pela do automóvel. Ele percebeu que os automóveis iriam ser mais baratos de comprar e se manter, isso iria popularizar o produto gerando mais empregos do que destruindo.
No Brasil, o exemplo mais recente foi o da telefonia celular. Em cerca de três décadas os celulares ficaram tão baratos que quase toda a população tem acesso. Já existem mais celulares do que pessoas, com isso se criaram muito mais empregos do que foram destruídos.
Imagine que para produzir um produto sejam necessárias quatro pessoas e o custo seja de R$ 1.000. Surge uma tecnologia, e agora só será necessária uma pessoa, mas com isso o custo fica reduzido, e cai para R$ 100. Com um produto mais barato haverá aumento do consumo. Para os mesmos R$ 1.000 de gasto teremos a venda de dez produtos, portanto precisaremos de dez pessoas para produzir. Neste caso, se criaram três empregos para cada emprego destruído. Mas, como isso depende de números reais, se diz que geramos de dois a quatro empregos para cada destruído.
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Esta “mágica” se chama destruição criativa. Mas ela só funciona se um preço menor leva mais pessoas a comprarem.
Há ainda o surgimento de mercados do zero. Isto se dá através das “tecnologias viabilizadoras” que criam mercados, como a eletricidade, petróleo e eletrônica. Agora, temos IA e IoT, que farão surgir novas indústrias.
O gargalo não será a falta de empregos, mas sim de qualificação. Para entender este gargalo, gosto de fazer uma analogia com a revolução dos microcomputadores, entre 1975 e 2000.
Foram quatro fases. A primeira ainda na década de 70 quando era necessário aprender a programar em código. A segunda nos anos 80, quando surgiram softwares de edição de texto, planilhas e bancos de dados. A terceira, na década de 90, quando surgiu um pacote integrado e com interface amigável. Isto permitiu a quarta fase, ao longo de 90, disseminando este uso. No começo de 2000, já havia uma massa de trabalhadores capacitada.
Fazendo um paralelo, acabamos de entrar na fase dois. Na primeira, ainda tínhamos de programar em códigos como Java, R, Python e Arduíno. Na segunda, estão surgindo softwares mais amigáveis, como ChatGPT e MidJourney. Ainda não entramos na fase três que deve ocorrer até o final da década, onde um pacote integrado deve surgir. Já a quarta deve se desdobrar, eliminando o gargalo de mão de obra por volta de 2040.
Haverá muitos empregos no futuro e minha sugestão é aprender a fazer coisas que as máquinas não são tão boas: lidar com outros seres humanos, resolver problemas e criatividade.
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