Groenlândia e a corrida pelo Ártico entram na agenda dos EUA
Desde a posse de Donald Trump, em janeiro de 2025, ele tem deixado claro seu interesse em comprar a Groenlândia da Dinamarca, a qual já deixou claro que não está interessada nisso.
O curioso foi que o fato chamou a atenção para uma região do planeta que vem ganhando importância devido ao aquecimento global, tanto sob um ponto de vista físico de temperaturas mais elevadas, quanto do ponto de vista geopolítico, de um confronto direto com a Rússia.
Na prática, a Groenlândia é uma ilha localizada na região do Ártico, que como um todo vai ficar mais relevante nas próximas décadas. No momento, o líder do desenvolvimento na região são os russos, que por conta das suas limitações geográficas de poucas saídas para o mar, sempre tiveram de usar os portos do Ártico na península de Kola como bases militares e comerciais.
O aquecimento global está reduzindo a cobertura de gelo na região e permitindo a navegação, economizando tempo no deslocamento entre o ocidente e a Ásia e sem ter de passar por locais de estreitamento, como o canal de Suez e os estreitos de Bab-El-Mandeb e Malaca.
Para facilitar tal navegação, estão sendo desenvolvidos navios quebra-gelo pelos russos e os EUA anunciaram, em janeiro, que vão encomendar nada menos do que quarenta navios deste tipo.
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O segundo efeito é que a exploração de recursos minerais no Ártico está se desenvolvendo. Já temos extração de petróleo do Alaska faz décadas, mas agora a prospecção de outras regiões começa a ficar mais frequente.
No caso da Groenlândia, apenas a costa já foi prospectada, e mesmo assim já existem muitos depósitos minerais detectados na região. O norte do Canadá e do Alaska são novas fronteiras de exploração mineral.
A importância final é a militar. Desde os tempos da primeira Guerra Fria, a região já vinha sendo alvo de uso para rotas polares de bombardeiros, pois é muito mais rápido se deslocar dos EUA para Rússia. Mas também a camada de gelo permitia “esconder” submarinos de mísseis balísticos que se tornam indetectáveis. Em caso de guerra, eles serviam como uma reserva de mísseis nucleares indestrutíveis, permitindo uma garantia de retaliação.
Hoje, além dessas mesmas funções, temos a defesa dos recursos naturais a serem explorados e da proteção da marinha mercante em rotas comerciais. Além disso, a introdução de mísseis hipersônicos e a crescente frota de aviões de baixa assinatura radar (stealth ou “invisíveis”) faz com que o tempo de reação a um ataque seja reduzido e que radares muito potentes tenham de ser colocados mais próximos das bases inimigas para detectar um ataque ainda em tempo de alguma reação.
Nesse contexto, entrou a Groenlândia na agenda dos EUA. Independente de como se dará o processo, o Ártico será mais relevante nas próximas décadas.
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