Pensando o Futuro

Guerra híbrida: na fronteira entre guerra e terrorismo

Em 2007, termo foi criado para explicar uma situação em que um ator geopolítico atua das duas formas simultaneamente

O fim da União Soviética, em 1991, encerrou um mundo bipolar onde adversários grandes e poderosos se conheciam bem e conseguiam prever os movimentos um do outro. Desde então, o mundo ficou bem menos previsível em termos geopolíticos.

Na década de 1990, o departamento de defesa dos EUA desenvolveu a metodologia Vuca para classificar situações militares, o que depois foi absorvido pelo setor privado como metodologia de análise, e o termo “mundo Vuca” passou a ser usado para descrever situações pouco controláveis.

Surgiram dezenas de atores geopolíticos que passaram a atuar não numa guerra aberta, mas de forma chamada de guerra irregular, mas ainda havia uma fronteira relativamente clara entre o que consistia em cada uma dessas duas formas de operação.

Essa fronteira foi ficando turva cada vez mais, na medida em que países atuavam parcialmente em guerras abertas com ataques pelas forças armadas regulares, mas também com ataques terroristas, espionagem e sabotagem.

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Em 2007, o termo “Guerra Híbrida” foi criado para explicar uma situação em que um ator geopolítico atua das duas formas simultaneamente.

Embora não exista uma definição formal universalmente aceita, se entende que a guerra híbrida inclui ações políticas, econômicas, militares, de mídia, ataques cibernéticos e manipulação da agenda social.

Os russos são apontados frequentemente como sendo particularmente bons na guerra híbrida devido à estrutura de espionagem que deriva desde os tempos da NKVD, que virou KGB, e que hoje é a FSB. Na África, os russos utilizam muitos grupos mercenários com um híbrido de guerra regular e guerrilha, e como não são tropas das forças armadas russas, podem dizer que não estão em guerra formalizada.

Ataques cibernéticos são frequentes vindo de várias fontes contra vários alvos. Como muitos desses ataques não são divulgados, não temos como avaliar a sua gravidade.

Interferência política é outro tipo de ação comum em guerra híbrida. Aqui não só temos campanhas em redes sociais para tentar mudar os votos durante uma eleição, mas também a influência em agendas dos políticos através de ONGs e lobistas que, na prática, têm algum agente estrangeiro interessado em propor ou bloquear uma determinada política pública.

Fica claro que é difícil distinguir o que é uma guerra formal, de guerrilha, competição econômica e política. Na verdade, isso forma uma zona turva que demonstra que existe um contínuo de conflito entre agentes governamentais e não governamentais.

Esse tipo de conflito já é o dominante no século 21 e deve continuar a se desenvolver na medida em que o processo competitivo é dinâmico.

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