Índia: um gigante em ascensão com um mercado emergente
Apesar de ser o país com a maior população do mundo, a Índia não tem despertado tanta atenção como um mercado emergente. Embora faça parte do grupo original dos Brics, em geral, era relegada a um segundo plano de atenção. Entretanto, isso deve mudar nas próximas décadas e creio que ela se transformará na nova estrela em ascensão, mas não sem seus problemas.
A Índia continuará a ter uma população crescente até estimados 1,68 bilhão por volta de 2050 e depois começará uma contração até 1,51 bilhão até o final do século, e se manterá como o país com a maior população. Esta população irá envelhecer gradualmente até chegar a uma moda (valor mais frequente) de 60 anos, e uma pirâmide populacional que mais parece um “charuto”.
O nível de consumo dos indianos deverá crescer na medida em que o país se urbaniza, e também na medida em que a população envelhece e reduz suas taxas de fertilidade. Estes fenômenos permitem um acúmulo de capital e enriquecimento da população.
As dificuldades da Índia começam por conta desta população enorme que precisa se alimentar e consumir, e os recursos naturais da Índia, embora vastos, não são suficientes para isso. O que força o país a importar recursos vindos do Oriente Médio (petróleo), África, Austrália e América do Sul (minério e comida). Isto só se torna viável na medida em que a economia consegue agregar valor aos insumos e exportar produtos de maior valor.
A Índia tem avançado muito, mas de forma desigual em seu território. A região mais desenvolvida tem sido no sul. Em especial a cidade de Bombaim (ou Mumbai), com 28 milhões de habitantes, tem se mostrado o local mais dinâmico. É provável que Bombaim se transforme nos próximos 30 anos como Xangai se transformou nos últimos 30 anos.
Outros locais relevantes no sul da Índia são Hyderabad (9 milhões), Bangalore (8,4 milhões) e Chennai (6,7 milhões). Entretanto, a maioria da população se concentra ao longo do vale do rio Ganges que tem cerca de 550 milhões de pessoas.
Para proteger seus interesses comerciais, a Índia está desenvolvendo uma indústria militar e aeroespacial, que embora esteja atrasada em relação aos EUA, Europa e China, já começa a conseguir produzir material nacional de boa qualidade.
Na cabeça dos indianos, eles estão num jogo de Chaturaji, e para eles os “quatro rajás” são a própria Índia, China, Rússia e Ocidente. Sua estratégia é deixar os outros entrarem em conflito uns com os outros e ir crescendo sem serem muito notados.
A chave para este desenvolvimento é se manter numa posição de neutralidade fazendo ao que parece um jogo duplo, ou triplo, para quem não entende a estratégia deles.
A influência indiana na África é essencial para garantir acesso a recursos naturais, e a posição geográfica da Índia favorece esta projeção de poder, bem como a presença de populações descendentes de indianos nestes países.
A conclusão é que a Índia deve assumir um protagonismo geopolítico e econômico nas próximas décadas, mas tentará fazer isto de forma discreta.
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