Pensando o Futuro

Como os jogos analógicos podem ajudar na estratégia das empresas

Os jogos ajudam a moldar a forma de pensamento e a criação de metáforas que vão determinar como o indivíduo pensa na vida adulta

No ocidente, quase todas as capas de livros de estratégia empresarial têm uma imagem de Xadrez. Isto ocorre, pois, no ocidente em geral aprendemos a pensar estratégia com o jogo de Xadrez. Desde a infância, as crianças aprendem o chamado “jogo dos reis”. De fato, o Xadrez é, normalmente, o primeiro contato de muitos com a estratégia.

Mas em outras culturas, os jogos aprendidos desde a infância, como uma introdução à estratégia, são diferentes.

Na China, o jogo aprendido desde a infância é o Go; no Japão o Shogi (ou xadrez japonês), e na Índia o Chaturaji (ou quatro rajás). Já na adolescência, é comum aprender jogos de cartas, como Pôquer, Buraco e Bridge.

A questão central é que, durante o período de formação dos processos mentais, os jogos ajudam a moldar a forma de pensamento e a criação de metáforas que vão determinar como o indivíduo pensa na vida adulta.

O Xadrez é um jogo de dois jogadores cujas estratégias centrais são ocupar a parte central do tabuleiro e pensar algumas jogadas à frente, o que ajuda os indivíduos a focarem no que é essencial metaforizado pelo “centro do tabuleiro” e a planejarem para isso. Isto forma a base do que os ocidentais entendem por estratégia.

No jogo Go também temos dois jogadores e precisamos pensar algumas rodadas à frente, mas a estratégia básica é a de envolver o adversário sem que ele perceba e depois “comer” suas peças. Esta é a forma pela qual os chineses pensam e se comportam. Eles raramente explicitam suas estratégias e sempre querem envolver o adversário numa teia de compromissos.

O Chaturaji é o jogo original do qual evoluiu o Xadrez ocidental. Ele é ainda mais complexo, pois ele tem quatro jogadores. A estratégia central é de deixar os outros três jogadores “se matarem” e depois vencer. Na cabeça dos indianos, os quatro rajás do mundo são: Índia, China, Rússia e o Ocidente. Os Indianos preferem manter uma certa neutralidade e fazer um jogo triplo apoiando cada vez um, e nunca se comprometendo totalmente.

No Pôquer, existem duas estratégias básicas. Uma é a de “jogue os jogadores e não as cartas”. Ou seja, as cartas vão mudar, mas as pessoas têm comportamentos previsíveis.

A segunda é justamente calcada em tentar não ser previsível, que é o Blefe. No mundo ocidental, tentamos sempre “ler os jogadores”, isto é, mapeamos formal ou informalmente seus comportamentos para tentar prever como se comportarão no futuro.

Finalmente temos o Buraco e o Bridge, ambos jogos de cooperação em dupla. Mais uma vez precisamos da “leitura de mentes” e capacidade de prever o que o parceiro está tentando fazer para o apoiar. A formação de equipes é uma estratégia importante em qualquer estratégia.

A visão de que a cultura formada através dos jogos é determinante para o pensamento e comportamento estratégico ajuda a entender como os estrategistas pensam, não só na nossa cultura, mas também em outras culturas.

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