Pensando o Futuro

Nova corrida colonial: a demanda da Ásia por recursos naturais externos

Alimentação, petróleo e minérios estão entre os itens mais cobiçados

O aumento não só da demanda de produtos brasileiros pela China e do investimento chinês no Brasil vem chamando a atenção nos últimos anos. Isso ocorre pela dependência cada vez maior de toda a Ásia para recursos naturais externos, em especial alimentação, petróleo e minérios.

Isso já vem ocorrendo desde a década de 1980. Inicialmente foi o Japão que buscou recursos fora do seu território, mas depois a ele se uniram China, Índia, Coreia do Sul, Taiwan e Malásia. Formando o que chamo de terceira corrida colonial.

Já houve duas corridas coloniais antes, uma no século 16 e outra no século 19. Ambas levaram as relações dos países envolvidos ao extremo, resultando em grandes guerras. A guerra dos 30 anos entre 1618 e 1648 e as Guerras mundiais entre 1914 e 1945.

A história nos mostra que existem padrões de comportamento para as nações envolvidas numa corrida colonial que podem se repetir e que, provavelmente acontecerá, até o final deste século.

O primeiro padrão é a preferência por recursos mais próximos devido a custos e tempos de deslocamento menores, além de maior facilidade de intervenção em caso de disputa militar.

Assim, a maior prioridade para os asiáticos é a região do sudeste da Ásia, Austrália, Nova Zelândia e Oceania. A segunda prioridade deles é a África subsaariana onde investem bilhões de dólares anualmente para desenvolver a capacidade produtiva e logística. A terceira prioridade é a América Latina, de onde importam recursos desde os anos 80, e recentemente houve um aumento de investimentos na compra de empresas, ativos logísticos e energéticos.

O segundo padrão é tentar expandir o sistema. Isso deverá levar ao longo do século 21 a busca de recursos no Ártico e Antártida, e depois no fundo dos oceanos e no espaço.
Finalmente existe um terceiro padrão que é a busca de redução de custos. Isso leva a uma mudança no modelo de negócios ao longo do tempo.

Inicialmente se trabalha apenas com importação de produtos, pois isso evita custos fixos e custos afundados. Mas o custo variável é alto, o que não é um problema se a quantidade importada é baixa.

Quando a demanda aumenta tem de incorporar custos fixos para diminuir custos variáveis. Isso leva a fazer investimentos, e com isso se compram empresas, bancos, portos e estradas de ferro.

A partir de um certo ponto surge uma vulnerabilidade para o importador e isto força a criar capacidades de defesa criando bases militares ao longo das rotas comerciais.

O estágio final é criar monopólios sobre os recursos naturais, estabelecendo colônias e protetorados na região.

Esse processo explica bem o que ocorreu nos séculos 16 e 19, e a história da formação do Brasil. No século 21 estamos no início de uma corrida colonial, mas dessa vez ela é liderada pela Ásia e não pela Europa.

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