Pensando o Futuro

Riscos de erupções vulcânicas: previsões e efeitos práticos

Em 2025, temos quatro vulcões com “Agitação aumentada”

Em gestão de risco e análise de cenários, os desastres naturais estão entre os mais difíceis de serem preditos. Claro que eles vão ocorrer no futuro, mas a previsibilidade é baixa, então se tem de trabalhar de maneira estatística. Em 2025, temos quatro vulcões com “Agitação aumentada” (heightnedunrest no original). Estima-se que cada um, separadamente, tenha 50% de chance de entrar em erupção. Isto significa que a chance de “pelo menos um” deles entrar em erupção é de 93,75% (15/16), ou seja, quase certo.

Os vulcões identificados são: Monte Kilauea (Havaí), Monte Spurr (Alaska), GreatSitkin (Alaska) e Axial Seamount (submerso perto do Oregon). A grande variação no efeito de uma erupção decorre de algumas variáveis, tais como, o tipo de erupção, a duração dela e a proximidade de centros urbanos.

As erupções de grande porte mais recentes foram a de Hunga Tonga-HungaHá’apai, em 2022, a do Pinatubo, em 1991, e a do Monte Santa Helena, em 1980. Existe uma escala de medição da força explosiva de um vulcão chamada de VEI que vai de 0 até 8. Esta escala nos ajuda a prever, com base em analogias históricas, o que poderia acontecer em cada caso.

No nível mais alto da escala (8) não temos nenhum registro em tempos históricos. O mais relevante para os humanos foi o de Toba na Indonésia, cerca de 74 mil anos atrás, e que provavelmente criou um gargalo populacional na humanidade, quase levando nossa espécie à extinção.

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No nível 7, temos três em tempos históricos, sendo o mais relevante o de Tambora na Indonésia, em 1815. A explosão criou um inverno vulcânico que fez o ano de 1816 ser chamado de “o ano sem verão”, onde a colheita no mundo todo colapsou. Há registros de neve em junho em diversas cidades do hemisfério norte. Como consequência, os preços de comida subiram muito fortemente em 1817.

No nível 6, os efeitos já não são tão catastróficos. Temos dois exemplos em Pinatubo (1991) e Krakatoa (1883). Em ambos os casos, um inverno nuclear reduziu a temperatura por alguns graus nos anos seguintes.

Não creio ser possível predizer se alguns dos potenciais eventos eruptivos de 2025 chegarão nos níveis 6 ou mais da escala VEI. Mas, mesmo sem isso, eles podem causar danos graves se ocorrerem perto de regiões habitadas, como é o caso do Kilauea, ou se gerarem tsunamis relevantes, como provavelmente será o caso do Axial Seamount.

Em 2022, o vulcão submerso de Tonga ocorreu bastante distante das costas mais habitadas, e isso amorteceu bastante seu impacto. Isso deu tempo para a reação devido ao tempo de viagem das ondas, bem como redução dos tamanhos destas.

O resultado final é que não temos muito como prever os efeitos práticos de tais erupções, e nem mesmo quando e onde irão ocorrer. Porém, em 2025, este risco está elevado pelo acompanhamento destes quatro vulcões. E, é claro, existem centenas de outros vulcões menos monitorados pelo mundo afora.

O grande risco é que, em algum momento do futuro, um evento vulcânico de categoria 6 ou mais irá ocorrer é apenas uma questão de quanto tempo no futuro. Em evento de categoria 6, é uma crise regional, um de categoria 7, é uma crise global, e um de categoria 8 pode ser um evento de extinção em massa.

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