Tecnologia é a solução para o futuro da alimentação no mundo
Com uma projeção de crescimento populacional de até 11 bilhões de pessoas e com o aumento gradual do nível do consumo por habitante, não só pela evolução natural das sociedades, mas também pelo desejo de eliminação da miséria, a pressão sobre consumo de alimentos deve ser enorme ao longo do século XXI.
Minha estimativa é de que precisaremos de entre 4 e 7 vezes mais água e comida do que hoje. O valor exato depende do tamanho do crescimento populacional e do nível de consumo. Com as fronteiras agrícolas do planeta limitadas, isso implica em três linhas possíveis para a solução do problema.
A primeira linha de pensamento é do aumento de produtividade por área plantada. Isto está sendo desenvolvido através de um grupo de tecnologias que são chamadas de ‘agricultura de precisão’. Tais tecnologias incluem mapeamento do terreno por drones e satélites, distribuição de sensores no campo e em animais, guiagem de tratores e colheitadeiras, aplicação variável de fertilizantes e defensivos agrícolas, sensores e robôs em silos, tudo integrado por sistemas de tecnologia da informação que incluem inteligência artificial. O resultado é um aumento de cerca de 20% da produtividade por área, com um gasto menor de 10% de combustível e 18% menor de água.
Uma segunda linha de trabalho é a de novas formas de obtenção e processamento de proteína vegetal e animal. Aqui o conjunto de tecnologias é diversificado. Fazendas verticais permitem cultivar vegetais em ambientes urbanos de hidroponia sem ficarem expostos aos ciclos solares e aos elementos climáticos. O custo de produção é mais caro, mas isto elimina a necessidade de terra agriculturável. Tais cultivos só são viáveis economicamente para hortifruticultura e floricultura, onde o valor dos produtos é maior por unidade de peso. Na prática, o que limita tal tipo de produção é o custo de energia e de água.
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Carne baseada em planta vem sendo desenvolvida nos últimos anos. Inicialmente, quem avançou nesta tecnologia foi a empresa Impossible Foods dos EUA, mas hoje já existem vários produtores, inclusive no Brasil. Tal tipo de comida usa algo como 90% menos terra e 70% menos água para produzir um alimento que é, em termos calóricos e nutritivos, igual a carne animal.
A terceira linha de mudança é o comportamento de consumo. No Ocidente, existe uma tendência cada vez maior de consumo de vegetais, dietas mais balanceadas e com menos carne, o que já acontece em boa parte da Ásia e África. Mas populações maiores, em termos de densidade, que pode levar a uma demanda de carne maior, terá de ser produzido de alguma forma.
A conclusão é que o gargalo de demanda de comida só poderá ser resolvido por tecnologias para que seja possível combinar o desejo de maior consumo com as limitações ambientais.
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