Pensando o Futuro

Terras raras: desafios e oportunidades

Elementos podem ser usados em equipamentos eletrônicos, optrônicos modernos e equipamentos para geração de energia limpa

Recentemente, os EUA demonstraram interesse nas reservas de terras-raras do Brasil e isso surpreendeu muitas pessoas.

As terras-raras são um grupo de elementos da tabela periódica chamada de Lantanídeos (elementos 57 a 71), mais o Escândio (elemento 21) e o Ítrio (elemento 39). Todos localizados numa mesma “coluna” da tabela periódica.

Sua importância deriva de usos em equipamentos eletrônicos, optrônicos modernos e equipamentos para geração de energia limpa, tais como turbinas eólicas, painéis solares e ímãs de alta performance. Sua importância militar é o que mais despertou interesse, pois eles são fundamentais para caças, mísseis, navios e submarinos modernos devido a grande quantidade de equipamento eletrônico.

A maior reserva conhecida do mundo fica na China (44 milhões de toneladas). As segunda, terceira e quarta maiores reservas ficam no Vietnã, Brasil e Rússia, a ordem destas três varia conforme a fonte, mas têm tamanhos similares na ordem de 21 a 22 milhões de toneladas. Depois vem a Índia (7 milhões), a Austrália (4 milhões), os EUA (2 milhões) e a Groenlândia (1,5 milhão).

Note-se que de um ponto de vista dos EUA, os Brics detêm a grande maioria dessas reservas. China e Rússia são muito difíceis de negociar e o Vietnã é muito fácil de ser bloqueado pela China em caso de guerra. Resta tentar conversar com Brasil, Índia e Dinamarca (que controla a Groenlândia). Destes, as reservas do Brasil são as maiores.

No Brasil, as reservas estão espalhadas, mas os estados de Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Sergipe e Bahia se destacam. Em Minas, os locais mais relevantes são as cidades de Araxá, Tapira (rochas alcalino-carbonáticas) e Poços de Caldas (Argila Iônica).

Claro que as reservas conhecidas não são a totalidade e podem surgir novas descobertas dependendo de investimento em prospecção.

O Brasil, entretanto, fica para trás em termos de produção das terras-raras. A China lidera devido a uma questão de custo. Como por décadas não se olhou para o risco e para a importância militar deste recurso, focando, apenas, em custo, o ganho de escala levou a uma concentração perigosa na mão de um único fornecedor.

A Fiemg e a Codemge estão construindo um laboratório de produção de ímãs de terras-raras em Lagoa Santa, com capacidade para 100 toneladas por ano.

Os EUA, agora, tentam reverter essa concentração desenvolvendo não somente suas reservas, mas também ganhar acesso seguro às da Groenlândia e agora as do Brasil.

Isso pode resultar numa oportunidade, muito mais do que uma ameaça, uma vez que este tipo de extração não é uma operação de curto prazo, mas sim de longo prazo.

A turbulência política atual se torna irrelevante em termos de investimentos estratégicos. É altamente provável que essas reservas sejam desenvolvidas, senão pelos EUA, pela Europa e Japão, que também têm interesses nesses mesmos recursos. No momento, uma empresa australiana já investe no Brasil (Meteroric Resources), demonstrando o interesse global no tema.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas