Um novo sistema de alianças geopolíticas

Desde o começo do novo governo Trump, o sistema de alianças que existiu por cerca de 80 anos vem sendo abalado. Um novo realinhamento começa a surgir.
Meu modelo geral de cenários usando os ciclos de Kondratieff, e hegemônicos, prediz que, entre 2018 e 2030, teremos muita instabilidade e crises políticas e militares. Depois disso, entraremos num novo ciclo tecnológico que começa com um período de recuperação entre 2030 e 2042. O período até 2065 ainda será da hegemonia dos EUA, mas cada vez mais fraca com o passar do tempo.
O atual governo dos EUA vem entrando em conflito comercial com o mundo todo, mas em especial tem deixado claro problemas de natureza militar com Irã, China, Europa e Canadá.
Não quero aqui entrar no mérito das causas e nem de fazer um julgamento de valor de se isso está “certo ou errado”, mas meramente tentar entender as consequências e projetar potenciais novos arranjos de alianças.
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Os efeitos visíveis imediatos são um rearmamento da Europa através do projeto ‘Readiness 2030’, que espera investir cerca de €$ 850 bilhões em defesa. O projeto cita explicitamente sete capacidades a serem desenvolvidas: defesa aérea e antimísseis (1), sistemas de artilharia (2), munições e mísseis (3), sistemas de drones e antidrones (4), mobilidade militar (5), guerra eletrônica, cyber, IA, e quântica (6) e viabilizadores estratégicos (7). Todos estes equipamentos serão comprados de fornecedores europeus. Isto tem feito as ações das empresas de defesa dos EUA caírem de valor, enquanto as europeias têm subido.
A inteligência da Alemanha já alertou que a Rússia pretende atacar a Europa nos próximos 5 a 10 anos, e isto colocou um senso de urgência no rearmamento europeu.
A União Europeia tem se aproximado do Canadá e da Ucrânia, que podem entrar para este bloco como mecanismo de contrapor as guerras tarifárias dos EUA. Por outro lado, as pressões de guerras tarifárias têm aproximado inimigos tradicionais como China, Japão e Coreia do Sul. A China tem se aproximado da Europa para tentar acordos e ações conjuntas. A Rússia tem feito um jogo duplo de se aproximar dos EUA, mas sempre fazendo um jogo duro para obter o máximo de vantagens e ganhar tempo.
O Brasil continua perdido sem estratégia clara, com um governo que busca uma reeleição e tenta se equilibrar politicamente. Uma aproximação da Europa seria uma possibilidade mais pragmática e realista nesse cenário.
Novas alianças estão surgindo e ainda é cedo para dizer quais irão se sedimentar e quais são temporárias, mas claramente o sistema de alianças que existiu por 80 anos acabou, e estamos entrando numa fase de transição até que um novo equilíbrio se forme.
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