A volta da guerra fria e os riscos de um conflito nuclear
Infelizmente a volta da guerra fria trouxe consigo a perspectiva de guerras envolvendo artefatos nucleares. Isso se refere à invasão da Ucrânia pela Rússia, mas também a possibilidade de uma guerra envolvendo a China e os EUA e a guerra indireta entre Israel e Irã.
Armas nucleares só foram usadas num conflito militar no final da Segunda Guerra Mundial. Desde então seu poder destrutivo sempre foi tão temido que seu uso nunca ocorreu em combate.
A perspectiva de uma guerra assombrou o mundo por 46 anos até o final da URSS em 1991 e muito foi pensado e estudado. Surgiram modelos matemáticos para calcular os danos causados e de modelos de como tal conflito poderia escalar de uma guerra convencional para uma guerra nuclear.
A suposição é que uma guerra entre dois países com armas nucleares começaria como um conflito usando armas convencionais, permitidas pela convenção de Genebra. Em determinado ponto, um dos lados usaria armas chamadas de táticas, lançadas por artilharia de tubo, foguetes e mísseis de curto alcance. Tais artefatos têm potência equivalente a alguns milhares de toneladas de explosivos, com o valor de quilotoneladas, ou kton ou kt. O efeito de uma arma tática de 1kt até 10kt é de alguns km de raio de destruição, e em geral isso acaba afetando tanto o inimigo quanto tropas amigas.
O segundo passo da escalada numa guerra nuclear seria o do uso de armas chamadas de operacionais, lançadas por aviões, mísseis de cruzeiro e mísseis de alcance intermediário com dezenas ou centenas de km de alcance e uma potência explosiva de dezenas ou centenas de Kton. Hoje, enfrentariam uma rede densa de defesa antiaérea. Isso é visto na Ucrânia e Israel. É necessário lançar centenas de mísseis de uma vez para tentar “saturar” a defesa antiaérea. Tais armas são pouco eficientes por ser impossível garantir que atingirão o alvo.
O passo final de uma guerra nuclear seriam as armas chamadas de estratégicas, ou seja, mísseis intercontinentais capazes de cruzar o mundo todo e com ogivas de milhares de kton. Tais mísseis encontrariam hoje defesas de antimísseis que os interceptam fora da atmosfera. No ataque do Irã contra Israel, em 10 de outubro, mísseis balísticos do Irã foram interceptados pelo sistema SM-3 dos EUA, fora da atmosfera sobre Israel.
A conclusão é que, embora uma guerra nuclear seja possível no futuro, está cada vez mais difícil atingir um alvo com artefatos de médio e longo alcance, e para artefatos de curto alcance os danos nas próprias tropas seriam um grande impeditivo. Entretanto, mísseis com capacidade furtiva ou de velocidade hipersônica podem ser uma mudança neste cenário, pois têm chance reduzida de serem interceptados.
Ouça a rádio de Minas