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Em 2024, o copo está meio cheio ou meio vazio?

Em 2024, o copo está meio cheio ou meio vazio?
Crédito: Divulgação

2024 começou e muitos especialistas têm expressado sua visão do mundo e expectativas para o ano. Sem dúvida, eu os leio com grande interesse, assim como vocês. Ofereço aqui a minha contribuição, naturalmente enraizada no mundo do ensino superior de abrangência internacional, que pode ser resumida em três pontos: a necessidade de fortalecer a resiliência humana, a necessidade de as economias que muitas vezes estão à beira da estagflação serem capazes de se adaptar rapidamente e o desejo de pôr fim às guerras que assolam o mundo.

Você não terá dificuldade em entender por que menciono, em primeiro lugar, a necessidade de desenvolver um processo de resiliência humana (isso não é um traço de caráter). As informações oficiais que recebemos todos os dias em nossos celulares ou televisores estão repletas de problemas ou situações graves. Absorvemos grande parte delas imediatamente, graças às nossas conexões quase permanentes com plataformas de informação e redes sociais. Em todos os casos, precisamos manter distância analítica das informações que recebemos.

De fato, entre guerras, problemas econômicos e políticos, com eleições decisivas em 2024 que terão grandes repercussões no desenvolvimento das democracias e, por fim, os impactos cada vez mais visíveis das mudanças climáticas, até mesmo nossas intenções mais otimistas podem descambar para leituras depressivas. Como diretora acadêmica de uma faculdade que recebe muitos jovens brasileiros e estrangeiros, não me dou o direito de duvidar do futuro. Mais do que pensar no futuro, vamos acompanhar e construir o futuro junto com eles. Esse processo de resiliência se baseia, antes de tudo, em nossa capacidade de estabelecer relações sociais. Ter relacionamentos familiares sólidos, amigáveis, positivos e de apoio é a base disso. Eles proporcionam segurança e desempenham um papel psicológico essencial. Por mais estranho que pareça, é por meio de outras pessoas que aprendemos a nos conhecer e a gerenciar nosso estresse. Na maioria das vezes, é esse capital emocional que nos dá a autoconfiança para desenvolver uma visão confiante (e realista) do mundo ao nosso redor – a chave para o sucesso!

Além dessa segurança emocional, precisamos desenvolver uma mente aberta. Mas como fazer isso em um mundo em que estamos sempre correndo e nossas pausas são invadidas por todas as opções que nossos smartphones podem nos oferecer? Eu estava falando sobre a importância de combater o isolamento aproveitando ao máximo nossos círculos sociais. Ao mesmo tempo, é importante preservar os momentos de solidão que oferecem regeneração pessoal. Normalmente, esses são os momentos em que podemos praticar uma forma de “atenção plena” para organizar pensamentos e entender sentimentos.

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Ao mesmo tempo, o enriquecimento cognitivo é absolutamente essencial para ampliar nossos horizontes e nosso pensamento. Em um artigo futuro, voltarei a falar sobre a necessidade de concentração por meio da leitura, que muitas vezes abre novas portas e nos permite reavaliar nossas crenças. Desenvolver nossa flexibilidade cognitiva também nos convida a participar de novas atividades, conhecer novas pessoas, tentar entender culturas diferentes da nossa e, finalmente, aumentar nosso repertório de análises para desenvolver soluções a partir de várias opções. A vida nos estimula constantemente a desenvolver a flexibilidade cognitiva!

Meu segundo ponto diz respeito às análises econômicas sobre a desaceleração global do crescimento econômico e o desejo de controlar a inflação o máximo possível. Muitos analistas econômicos estão falando de estagflação global, com variações de país para país. A preocupação de muitos países será limitar os déficits orçamentários e, portanto, limitar o impulso econômico por meio da injeção de fundos públicos. O panorama político será pontuado pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos, que ainda estão repletas de incertezas, sem mencionar o jogo de manipulação por fake news de determinados países nas redes sociais. Haverá também eleições presidenciais na Rússia, que deixam pouco espaço para suspense, as eleições parlamentares na Índia e na Europa, com a ascensão dos eurocéticos…. Por fim, estaremos atentos às eleições presidenciais no México, a segunda maior economia da América Latina, às eleições na Venezuela, onde o presidente cessante espera ser reeleito, às eleições no Irã, onde haverá eleições legislativas e eleições para a Assembleia de Especialistas de 88 membros, às eleições presidenciais no Senegal, que estarão sob observação porque esse país é considerado um dos mais estáveis da África Ocidental, e outras eleições na África. Sim, o mundo está mudando constantemente.

É claro que todos nós queremos ver o fim das guerras que assolam a Europa, o Oriente Médio e a África, que acompanhamos ao vivo pelos meios de comunicação. Permanecemos desarmados diante desses acontecimentos, cientes de que as populações civis estão sofrendo diretamente a violência inaceitável da guerra. O resto do mundo é afetado indiretamente.

Para concluir, sugiro que façamos pelo menos duas perguntas a nós mesmos: será que abandonamos a esperança de um mundo pacífico no qual podíamos acreditar após a queda do Muro de Berlim em 1989?

Vamos nos manter informados, mesmo que não tenhamos poder de ação. Somos capazes de habitar nosso planeta de forma diferente? Sem dúvida, é nesse ponto que a bola está em nosso campo. Podemos seguir novos caminhos, aceitar a perda de confortos adquiridos para ganhar outros. Porém, precisamos ter autoconfiança para escolher caminhos novos e inovadores, muitas vezes inspirados pela ciência ou até mesmo por conhecimentos antigos redescobertos, em que o homem não se vê como o senhor da natureza. É melhor começar agora, pois isso levará tempo. Esperemos que 2024 traga uma nova determinação para agirmos por nós mesmos e pelos outros.

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