Por que o conhecimento dinâmico e multicultural é sucesso nos negócios
Acabamos de realizar em Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ) um seminário em formato híbrido, dedicado a um grupo de 30 profissionais, representando mais de vinte nacionalidades que participam do programa de educação global para executivos da faculdade SKEMA.
Na edição 2024, surgiu uma abordagem de estudo intrigante no Brasil em torno do tema “A urgência de transformar as empresas!”, que diz respeito aos desafios contemporâneos de todas as corporações nos eixos ecológicos, sociais, econômicos e de governança.
Essa necessidade é uma demanda de todos os níveis da sociedade, desde as instituições públicas até os indivíduos. Ao longo da programação, visitamos empresas brasileiras e multinacionais sediadas nas duas cidades e houve muita troca de experiências.
Nos encontros e debates, pudemos perceber que os negócios que já tinham claras e avançadas suas escolhas estratégicas em ESG, já estão contemplando algumas transformações importantes. Foi percebido, ainda, que aquelas empresas que utilizam metodologias selecionadas para mudar de paradigma e adaptar-se a este mundo VUCA -Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade) são mais longevas.
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O termo e o conceito VUCA de gestão, num contexto de “Permacrisis’, são cada vez mais partilhados. Num artigo publicado no The Economist, em 6 de janeiro de 2024, o jornalista apresenta as saudações do CEO StewPidd, que utiliza o termo “permavucalution” para ilustrar o que sente em relação ao contexto atual. Ele reconhece permanência da volatilidade, principalmente por parte do cliente, a incerteza da cadeia de abastecimento, da regulamentação, a complexidade dos sistemas que nos rodeiam, sejam eles políticos, geopolíticos, econômicos, sociais ou outros, e a ambiguidade envolvida tanto na compreensão dos problemas colocados, quanto na tomada de decisões!
Acredito que é dúvida permanente da liderança perspicaz qual caminho devemos seguir, seja quando somos líderes ou quando fazemos parte do conselho de administração de executivos.
Vejamos: os desafios das alterações climáticas já estão sendo enfrentados no presente. Não podemos mais falar sobre o futuro, a não ser para dizer que o futuro parece pior do que o que já estamos vivendo em todos os países do planeta. Nesse sentido, o Brasil pode ter um papel como líder se souber aproveitar seu potencial de energia limpa e trabalhar suas fragilidades, como a gestão do saneamento urbano e rural, bem como outras áreas, como a infraestrutura.
As empresas brasileiras e internacionais, visitadas pelos participantes do nosso Global Executive MBA, por exemplo, demonstraram a dinâmica que vem sendo construída na reinvenção contínua dos modelos de negócios. Na indústria de mineração, nos aproximamos da Gerdau, uma empresa conhecida por seu compromisso com a redução de sua pegada de carbono, suas ações para promover a diversidade e seu respeito às comunidades que vivem próximas às atividades de mineração. Os resultados já são tangíveis e antecipam as necessidades futuras. Isto é possível graças ao trabalho de pesquisa e desenvolvimento, incorporados ao investimento da empresa.
Outra partilha de conhecimento interessante foi do modelo de coopetição. Estivemos no Mining Hub, polo mineiro da mineração, que traz a cooperação competitiva para o eixo da inovação do segmento secular dos negócios em minério.
Essa abordagem é muito debatida e pouco praticada, pois o individualismo e a competição afastam as pessoas dessas atividades, tão necessárias para enfrentarmos os desafios comuns das empresas. Pudemos ver como o carismático Leonardo Rossi responde a estes desafios.
Dentro dessa agenda, outros CEOS vieram falar sobre sua reinvenção e suas contribuições para o mercado com compromissos inspiradores e bem-sucedidos. E no centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal/ Innova, ficou mais uma vez claro para os executivos de várias partes do mundo o quanto o Brasil é uma fonte de inspiração, desenvolvimento e implementação, tão bem ilustrado pelo mercado de Beleza e Bem-estar.
Aqui, mais uma vez, a pesquisa aplicada apresentada pela L’Oréal é iniciada com uma conexão muito forte com o mundo científico. Isso é necessário, se quisermos trabalhar mais eficazmente na biodiversidade utilizada para produzir os nossos produtos, que são regidos por uma ética ainda pouco conhecida, que proíbe os testes em animais.
Já na empresa de eletrificação de alta tecnologia Nexans, localizada no centro de investigação logística do Rio, pensar o contexto de crise permanente foi um debate riquíssimo pelo modo como foi abordado.
A narrativa partilhada com os visitantes não é a de que todos os objetivos foram alcançados, mas sim a de que estão constantemente a ser estudados e trabalhados. Esta visita será recordada como um modelo muito inspirador de ação futura para todos nós em nossas áreas.
Como economista, líder, gestora e reitora da faculdade SKEMA, devo confessar que tive o privilégio de desfrutar de mais uma semana residencial no Brasil. Todos os anos, acompanho os grupos e a pergunta sobre a pertinência de nossa metodologia inovadora me acompanha.
Eu sempre volto tranquila, com a sensação de dever cumprido. Porém, a abordagem da necessidade de transformação permanente nos negócios em cenário de mundo VUCA me desafiou como aluna e como educadora. E pude apreender muito com meus colegas alunos e empresários.
Entendo que cada vez mais a modalidade de conhecimento dinâmico e multicultural agrega. O GEMBA 2024 permitiu aos nossos participantes no Brasil compreender o imperativo da transformação das empresas e perceber que as respostas do dia a dia ainda estão por encontrar, mas as metodologias propostas foram reveladoras.
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