Educação e Negócios

Economia digital: uma abertura limitada para as mulheres

Há um estereótipo de gênero que associa a tecnologia e as profissões digitais aos homens

É fato que podemos celebrar alguns avanços progressivos em nossas sociedades, dando a homens e mulheres as mesmas oportunidades de escolher seu caminho, ter um emprego e batalhar pelo mesmo reconhecimento com base na competência. No entanto, o índice da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a diferença salarial entre gêneros em 2022 foi de 11,4%. A título de ilustração, em uma posição igualitária, uma mulher que trabalha em tempo integral com o salário médio ganha 88 centavos para cada dólar ganho por um homem que trabalha nas mesmas condições.

Trago esse dado porque o mês das mulheres é sempre uma oportunidade para reflexões. E entendo quehá uma sub-representação das mulheres, o que pode ser explicado de diferentes maneiras. Para começar, precisamos reconhecer que existe um estereótipo de gênero que associa a tecnologia e as profissões digitais aos homens. Hoje, eles e elas estão igualmente expostos à Inteligência Artificial (IA) em seus empregos.

No entanto, as mulheres ocupam menos postos nas profissões digitais que exigem treinamento em ciências da engenharia (STEM) ou como empreendedoras, especialmente no campo digital. A falta de modelos femininos em cargos de gerência também pode desencorajar as pessoas a buscarem tais ambições.

As culturas corporativas no mundo digital, com seu estilo jovem e inclusivo, não questionam sua responsabilidade de se abrir para as mulheres. Parece que esse grupo se isenta de responsabilidades em fomentar a contratação dessas profissionais igualmente qualificadas ou está tentando timidamente se regenerar, abrindo-se para empregos femininos altamente qualificados.

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Curiosamente, os empregos administrativos também são caracterizados pela alta exposição à IA e seguem fechando as portas para as mulheres e, em especial, àquelas sem ensino superior. Eu me pergunto: como desenvolver as habilidades dessas mulheres no local de trabalho e permitir que elas façam a transição digital? As responsabilidades familiares, entre outros fatores, limitam essas mulheres ao desenvolvimento desejado em termos de reciclagem profissional ou treinamento adicional? Nesse sentido, a cultura ainda prejudica nossas carreiras em pleno século XXI?

Como diretora de uma instituição de ensino brasileira, fico feliz em ver a chegada de uma geração de jovens mulheres capazes de mudar esse cenário. Elas dominam muito bem o uso da IA (gostaria de agradecer aos professores da SKEMA que estão por trás de seu treinamento em programação aplicada ao mundo dos negócios, do direito e de outras áreas).

Uma das missões da SKEMA é fomentar a equidade de gênero formando lideranças femininas que entregarão excelência em suas carreiras e quebrarão o teto de vidro que bloqueia mulheres, e até alguns homens, em seu desejo de aprender sobre o uso de novas tecnologias. Desejo que esse seja o compromisso da educação pela ascensão do feminino pelo bem da humanidade.

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