Educação sobre jogos on-line é responsabilidade de todos
Os recentes escândalos envolvendo apostas on-line chamam a atenção para o crescente mercado das bets. Também conhecidas como apostas de cota fixa, essas plataformas movimentam bilhões no Brasil. De acordo com projeções da Strategy& Brasil, consultoria da PwC, o setor de apostas on-line movimentou entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões em 2023, representando quase 1% do PIB. O Brasil já é o terceiro maior mercado de apostas on-line do mundo. Mas quais são os riscos para a sociedade?
No artigo de Hugo Bethlem, intitulado Capitalismo Consciente no Brasil, dados revelam que 70% dos apostadores pertencem à baixa renda. Casos recentes mostraram desvios de verba e até o uso inapropriado do Bolsa Família para apostas, uma aberração que expõe o tipo de sociedade que estamos construindo.
Uma aposta não é um investimento, mas um risco em que o jogador tenta prever o resultado de um jogo de futebol ou outra atividade. Na prática, muitos apostadores não sabem como parar antes de ultrapassar suas próprias possibilidades financeiras, o que acaba se tornando um problema de saúde mental.
As empresas podem desempenhar um papel crucial ao fornecer educação financeira e alertar sobre os riscos e as manipulações dos jogos on-line, muitas vezes hospedados em paraísos fiscais e com redes difíceis de rastrear. Programas internos de prevenção e apoio psicológico podem ser considerados um ativo estratégico para promover o bem-estar no ambiente de trabalho. Atividades que reforcem os valores corporativos como fomento ao esporte e reconhecimento de conquistas no trabalho, podem ser iniciativas bem-sucedidas.
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As autoridades públicas também devem se posicionar em relação à legalidade e regulamentação dos jogos de azar on-line, impondo limites para o valor das apostas e verificações de antecedentes dos jogadores. Sabemos que a clandestinidade e as brechas legais facilitam o desenvolvimento de vícios.
Como sociedade, os cidadãos podem colaborar. O letramento digital sobre os jogos e outras ferramentas precisa ser uma prioridade em nossas casas e para todas as gerações. Defendo que a educação é primordial. Instituições de ensino também devem incluir em seus currículos disciplinas sobre gerenciamento financeiro pessoal e o uso inteligente do ambiente digital.
Não devemos ser ingênuos. Há muito dinheiro envolvido na indústria dos jogos de azar e é difícil coibi-lo. No entanto, é preciso começar. A articulação entre setores para evitar que as apostas virtuais se tornem uma epidemia mundial de vício pela internet é urgente e uma tarefa de todos.
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