Educação e Negócios

Energia: por que as pessoas devem consumir menos e melhor

Produzir energia renovável é o primeiro passo, mas é preciso garantir toda a cadeia de valor

Leio com expectativa positiva uma das recentes notícias sobre energia limpa. Esta, sobre o leilão de transmissão que prevê aportes de R$ 3,5 bilhões em Minas Gerais. Segundo os jornais, o FIP Development Fund Warehouse, fundo de investimentos do BTG Pactual e do Consórcio Olympus XVII, formado pela Alupar Investimentos S.A. eInfra II Investment, S.A tem previsão de investimentos de R$ 4,7 bilhões em todo o Brasil, com prazo de 30 anos de concessão.

É visto que o desenvolvimento virtuoso mineiro é resultado das excelentes condições que o Estado tem para a geração de energia limpa, especialmente solar, além do compromisso assumido por várias gestões de governos de Minas Gerais e por empresas de todos os portes.

No contexto, o desempenho econômico estadual mineiro foi superior à média nacional, com 2,9%, confirmando que as políticas públicas destinadas ao desenvolvimento econômico foram assertivas. No ano passado, a participação de Minas Gerais no PIB nacional foi de 9,5%, colocando o estado em terceiro lugar entre todos os outros, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro.

Estou certa de que o nosso diferencial precioso é o investimento estratégico em matrizes energéticas renováveis, tanto porque elas são promissoras economicamente, gerando empregos e dando acesso a preços vantajosos para as empresas consumidoras, mas, sobretudo, porque viabilizam a vida na Terra.
Como sabemos, as condições geográficas e de clima oferecem enorme potencial para diversificação de fontes, grande parte ainda não explorada. Entendo que o desafio é investir (fortemente) além da hidroeletricidade. A energia fotovoltaica já é uma realidade em Minas, à frente da eólica, como atestam as usinas fotovoltaicas em diversas regiões, como a de Pirapora, que pretende ser a maior da América Latina.

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Mesmo que a matriz energética brasileira continue a ser um modelo positivo para todo o mundo, (como lembrou o Macron, presidente da República Francesa, na semana passada, durante sua visita ao Brasil), a energia solar centralizada ainda representa uma parcela muito pequena frente à sua capacidade.

Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que a energia fotovoltaica representa 4,4% do mercado energético de Minas Gerais, quase três vezes a quantidade de 2020. Porém, ainda infimamente menor daquilo que poderia ser. A produção solar centralizada em Minas responde por mais de um terço da produção solar total do Brasil. Não é simples mudar.

Produzir energia renovável é o primeiro passo, mas é preciso garantir toda a cadeia de valor: da produção à distribuição, com o envolvimento das populações e dos agentes econômicos locais. Os estudos de impacto são muito importantes para garantir o equilíbrio dos ecossistemas e a adoção da transição.

Distribuição significa ter uma rede elétrica que foi melhorada ou, em alguns casos, que precisa ser criada. Mais uma vez, são grandes investimentos. A Cemig, por exemplo, é o principal player da distribuição de energia elétrica em Minas Gerais (mas também tem forte presença no resto do Brasil). E tem que financiar esses empreendimentos. O seu principal acionista é o Estado, que participa no capital da empresa através da abertura das suas ações em várias bolsas de valores do mundo, começando por São Paulo.

Outro ponto é que novas tecnologias são essenciais para competir em escala global e alcançar alto desempenho tecnológico, inovador e econômico na matriz energética com energias renováveis.
Competências brasileiras e estrangeiras, capitais públicos e privados são necessários. As parcerias vantajosas para todos são essenciais se quisermos combinar competências e financiamento. E aqui, mais uma vez,o Estado tem o papel crucial de favorecer o desenvolvimento da viabilidade das energias limpas.

Mas será que isso é suficiente? Será que nós, consumidores, empresas ou indivíduos, teremos que esperar para ver os resultados dessas cooperações na transformação social em curso? Sabemos a resposta e, sem dúvida, já escolhemos um caminho que, graças a investimentos e a incentivos de preços, nos permitiu privilegiar a energia solar.

Consumir menos: sabemos que é esse o caminho a seguir! Mas será que também podemos consumir melhor? Podemos trabalhar nesse sentido. E rapidamente porque a vida é passageira.

Encaro a solução sob a ótica de economista educadora. Pais precisam ensinar aos filhos sobre a finitude dos recursos. Professores devem apoiar o processo, especialmente quando os responsáveis não estão totalmente abertos a esse letramento ambiental. Já as faculdades de gestão, administração e negócios precisam primar na formação de lideranças, educação corporativa com ênfase nessa Nova Economia. De verdade, para que o greenwashing dê lugar ao greenacting.

Com indivíduos responsáveis pelo mundo teremos mais empresas-modelo que assumam a liderança e mostrem o seu desempenho através da combinação de vários KPIs (econômicos e ESG).
A transformação global passa, via de regra, pela mudança individual. Por isso, não adianta pensar em empresas verdes se não houver comprometimento real.

Com indivíduos responsáveis os desafios da transformação, seja ela social, governamental ou empresarial, acontecerão. E precisamos que sejam mais rápidas essas mudanças porque os impactos nós já podemos sentir na pele.

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