Filarmônica é ativo na Sala Minas Gerais
Estou no Brasil como reitora da Faculdade SKEMA há sete anos e fui carinhosamente acolhida pelos mineiros. A riqueza cultural do Estado sempre me encantou e uma das minhas primeiras descobertas em Belo Horizonte foi a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. As belíssimas apresentações que experimentei, especialmente na minha chegada, fizeram com que eu reduzisse as saudades da Filarmonie de Paris e da Ópera de Paris.
Posso também dizer que a Orquestra Filarmônica me acolheu de volta. Graças à abertura ao seu público, pude conversar durante os intervalos ou antes dos concertos com pessoas que vieram para ouvir música clássica como eu. Fiz, nestes momentos, sólidas amizades ao longo dos anos.
Quando viajo para a França ou outros países, nunca deixo de mencionar, entre os pilares de riqueza dos mineiros, o valor da Filarmônica. Entendo que sua ocupação em espaços preciosos, como a Sala Minas Gerais, torna-se para os músicos, dado o valor que representa.
Para mim, foi uma surpresa maravilhosa encontrar uma orquestra de calibre internacional na Capital e com potencial democrático de abertura das salas para concertos para a juventude e apresentações grátis ou com ingressos a preços sociais. Popularizar o acesso à música clássica é uma iniciativa louvável porque existe público para esse tipo de arte em todas as classes sociais. E testemunhei isso em minha presença semanal na Sala Minas Gerais.
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Entendo que a força da Filarmônica reside, precisamente, no combate ao falso entendimento de que a música clássica só é de interesse de classes abastadas. As apresentações lotadas e diversas da Sala Minas Gerais provam que não.
Aos amigos mineiros sempre digo que sua orquestra é um património cultural imaterial que merece ser reconhecido pela Unesco. Também espalho por sete cantos do mundo como eu me orgulho de poder ver, em ambiente de primeira qualidade, músicos de todo o mundo, capazes de interpretar uma partitura em uníssono, sob a direção de um maestro com exigências rigorosas para dar o melhor ao público e visar a excelência.
A música é soberana e, por vezes, foi capaz de retratar e até desatar tensões geopolíticas. Por isso, entendo que tal riqueza cultural é um modelo de gestão reconhecido pela investigação científica neste domínio. Referi a excelência procurada pelo maestro Fabio Mechetti, sem esquecer o segundo maestro, José Soares, que partilha a mesma obsessão.
Tal excelência deve seguir sendo compartilhada com todos na primorosa Sala Minas Gerais e, cada vez mais, sustentada por políticas públicas e o apoio dos Amigos da Filarmônica do setor privado para favorecer o acesso daqueles que não podem pagar.
Acredito firmemente que estas primeiras experiências musicais, mesmo que à primeira vista possam parecer superficiais, deixam a marca das exigências de um campo artístico e podem servir de referência noutros campos. A música clássica é uma oportunidade para alimentarmos a nossa alma epode nos salvar das incivilidades e da fealdade que nos rodeiam.
Como economista, vejo que investir na manutenção da Orquestra Filarmônica é acenar positivamente para a atração da Capital como destino turístico pois ela fomenta cultura, turismo de negócios e a reputação de Belo Horizonte no mundo. E, sem entrar em detalhes da situação de gestão que se apresentou nas últimas semanas, não tenho dúvidas que haja caminhos para que cada participante envolvido possa prever mudanças que não ameacem a orquestra. E tomem, sempre, decisões com foco no fortalecimento desse patrimônio, ativo da Sala Minas Gerais.
Portanto, confiante, compartilho com vocês a sensação da última experiência simbiótica entre a orquestra e seu público na última quinta-feira (11) na Sala Minas Gerais. Saímos extasiados. E isso não pode ser sacrificado!
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