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Investimento em carbono zero

Investimento em carbono zero
Crédito: Divulgação

O meio ambiente exige que se estabeleça uma nova modalidade global de negócios sustentáveis. E o mercado está se preparando para a transição para uma economia de baixo carbono. A Europa, os Estados Unidos da América, a China e a Índia, por exemplo, com investimentos maciços em energias renováveis e mobilidade elétrica, já estão comprometidos com isso, com políticas públicas que apoiam os novos setores.

O Brasil, com suas vantagens geográficas e territoriais, tem tudo para entrar na corrida pela liderança mundial. Existem muitos exemplos de organizações públicas e privadas trabalhando arduamente para descarbonizar a economia. Conforme essa transformação de energia ganha impulso, novos ecossistemas se formam e novas tecnologias emergem, novos debates avançam. O assunto ocupa a pauta econômica brasileira e cabem muitas perguntas. Listo algumas:

-A meta de emissões zero para 2050, estabelecida por um grande número de países por meio de várias iniciativas, é realista?

-Qual será o impacto se ela não for atingida em 2050?

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-Os compromissos assumidos pelos signatários serão acompanhados de estratégias políticas proativas para apoiar os esforços, os investimentos e as mudanças na vida de cada cidadão?

– Quais são as politicas públicas que precisam estar alinhadas aos setores produtivos?

– O Brasil deve jogar bem suas cartas e assumir um compromisso forte. Mas do que exatamente estamos falando?

-Os cidadãos estão cientes de seu papel na redução do carbono no País?

O aquecimento global, que nenhuma pessoa bem informada pode negar, acontece devido ao crescimento populacional, ao aumento do consumo de combustíveis fósseis pelas atividades industriais, de transporte, agrícolas e humanas em uma sociedade de consumo com uma pegada de carbono muito pesada.

É necessário um grande volume de investimentos para conter o aumento da temperatura global em 1,5°C, meta estabelecida pelos acordos de Paris assinados pela maioria dos países, inclusive o Brasil, em 2015.

Ao analisarmos o relatório mundial “The World Energy Outlook 2022”, produzido pela Agência Internacional de Energia, como um neófito no assunto, teremos uma melhor noção dos desafios globais e dos compromissos assumidos pelos diversos Estados.

Em Minas Gerais, temos avanços. O Plano de Ação Climática de Minas Gerais (Plac-MG), desenvolvido pela Fundação Estadual do Meio Ambiente, do Governo do Estado de Minas Gerais, tem com o objetivo estabelecer diretrizes e ações estratégicas para o enfrentamento das mudanças climáticas para os próximos anos. Os principais objetivos são alcançar a neutralidade de emissões líquidas de gases de efeito estufa no território estadual até 2050, conforme compromisso da campanha Race To Zero, e reduzir a vulnerabilidade e construir um território resiliente, em consonância com a campanha Race To Resilience.

Sua elaboração priorizou o processo participativo envolvendo o olhar de diversos segmentos da sociedade. O plano é composto por ações que visam zerar e contemplar o equilíbrio ambiental como um todo.

Caso compromissos como esses sejam cumpridos, eles poderão colaborar para evitar um aumento de 1°C no aquecimento global. Entretanto, muitos outros esforços importantes ainda precisam ser feitos para evitar uma situação sem retorno. Por exemplo, para manter o rumo de limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2100, são necessários investimentos estimados em US$ 2 trilhões por ano até 2030. E isso é só o começo!

As energias de fontes renováveis, como a solar, a eólica com parques eólicos, o hidrogênio verde produzido com energias limpas ou os biocombustíveis, têm um grande futuro. O Brasil, juntamente com a Europa e os Estados Unidos, foi a força motriz por trás da primeira geração de bioetanol. 

Agora, são necessários investimentos para produzir mais biocombustíveis, especialmente biocombustíveis avançados. O uso de combustíveis fósseis foi drasticamente reduzido e o futuro dos meios de transporte a longo prazo dependerá dessas energias renováveis.

Mesmo com cenário promissor, percebo empresas com dificuldade ou resistência em avançar. Acredito que parte da questão pode estar na cultura empresarial. Isso porque o processo de descarbonização passa também pelo desenvolvimento da gestão, da presença de uma liderança alinhada ao ESG e com mais engajamento às inovações que chegam ao mercado. Isso porque ajuda a aumentar as energias renováveis, desenvolver novos portadores de energia, melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões e criar novos mercados para carbono e outros subprodutos como parte de uma economia cada vez mais circular é preciso de profissionais integrados e dedicados a esse processo. Ao mesmo tempo, muitas dessas etapas comumente buscadas para a descarbonização – como o aumento da eletrificação, o uso em larga escala de energia renovável e a intensificação das medidas de eficiência energética, mudanças de modelos, investimentos e novos apelos em mindset – representam desafios únicos. Nesse sentido, como economista, gestora e educadora defendo que empresários e empreendedores estejam sempre atentos ao Acordo Verde que ganha impulso nos diversos segmentos como um investimento coletivo na vida e na longevidade dos negócios.

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