Letramento digital deve contemplar momentos offline
Tenho pensado muito sobre a forma que nos conectamos e relacionamos virtualmente. A inteligência artificial (IA) é uma realidade em nossas vidas e o pensamento de máquina interfere diretamente. Na nossa forma de pensar e atuar em sociedade.
Como líder e educadora, percebo a urgência de um letramento digital para acompanhar o avanço tecnológico sem prejuízos para os seres humanos. Entendo que tão importante quanto entender a IA e suas aplicações é estar apto a refletir sobre suas implicações éticas e culturais.
No mundo corporativo, por exemplo, dominar a IA é um diferencial competitivo e permite que o desenvolvimento econômico aconteça mais rapidamente. Automatização de tarefas, gerenciamento de tempo, comando de voz e organização e padronização de informações são algumas das possiblidades de uso da tecnologia. Mas, com ela, vem a hiperconectividade, o enxugamento de setores e um possível acúmulo de tarefas não delegáveis às máquinas.
Vejo que o maior desafio contemporâneo em relação ao uso das IAs gira em torno dos desafios em equilibrar seu uso de maneira consciente. Defendo que a alfabetização digital para IA seja democratizada e envolva compreender como os algoritmos funcionam, interpretar dados, utilizar ferramentas baseadas no aprendizado de máquina e saber identificar vieses ou riscos associados à tecnologia.
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Percebo que vivenciar com entendimento a lógica da IA possibilita que os cidadãos participem ativamente das discussões e caminhos dessa inteligência na sociedade. Destaco que a hiperconectividade, tão valorizada atualmente, tem gerado preocupações que divido com diversos especialistas.
Eu me pergunto porque precisamos estar ligados em tudo o tempo todo. Para mim, esse é um grave mau uso da IA, que pode levar à ansiedade, estresse, fadiga mental, queda na produtividade e prejuízos às empresas. Isso sem falar que é sintoma de que temos negligenciado o valor do tempo offline.
Para mim, quando não há limites claros entre a vida digital e a vida real, como nas redes sociais, o uso da IA pode, ainda, mascarar ou deturpar realidades, favorecer notícias falsas, adoecer e matar pessoas, como já vimos em casos de suicídios de jovens.
Reconheço como é árduo desligar. Procuro um ponto desequilíbrio entre o aprendizado contínuo sobre IA e a capacidade de estabelecer limites saudáveis para seu uso. Manter a autonomia frente a máquina, a criatividade e o bem-estar desligando-se de tudo um pouco deve ser prioridade do agora para preservarmos nosso senso de humanidade.
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