Educação e Negócios

Olimpíadas: uma oportunidade para a educação social

Evento esportivo é um convite a repensar nossos modelos de educação

Em 1894, o Barão Pierre de Coubertin comprometeu-se a reviver os antigos Jogos Olímpicos gregos, cujo objetivo era reconhecer a atividade esportiva como fundamental na educação dos jovens gregos. Dois anos depois, os Jogos Olímpicos modernos foram realizados em Atenas, com a participação de 14 países e 245 atletas.

O século XX trouxe os Jogos Paralímpicos, incentivando atletas deficientes a alcançarem performances de alto nível. Também permitiu que as mulheres participassem das competições olímpicas. Em 2024, já em sua abertura, o evento nos convida a uma experiência inovadora: ultrapassa os jogos olímpicos e o estádio para entrar na capital francesa e celebrar seus valores e cultura.

Como francesa, educadora, economista e presidente da Câmara de Comércio França-Brasil, sinto-me à vontade para analisar as olimpíadas enquanto moro em Belo Horizonte. Acabo de voltar da capital francesa e gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre a ecologia dos jogos olímpicos.

O evento nos convida a repensar nossos modelos de educação. Causou incômodo a intenção do diretor artístico Thomas Jolly de reproduzir cenas de “um festival pagão dos deuses do Olimpo”, fazendo referência à origem francesa dos Jogos Olímpicos. Se ainda há debate sobre isso, é sinal de que precisamos fomentar a educação e a cultura dos povos no mundo.

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Outro ponto importante é a relação entre custos e oportunidades dos jogos para quem organiza e participa. Em primeiro lugar, há um desafio econômico, pois existem despesas significativas para o país-sede. Os Jogos Olímpicos de Paris foram financiados principalmente pelo setor privado. Três novas infraestruturas foram construídas.

A escolha estratégica de realizar as partidas de modo descentralizado permitiu que outras cidades também se beneficiassem com o turismo e fomentassem a cultura local. Empresas contribuíram para reduzir o impacto ecológico dos Jogos Olímpicos de 2024.

Devemos destacar o trabalho de milhares de voluntários que recebem calorosamente os visitantes e participantes. Entre eles, está uma jovem estudante brasileira do curso de administração da faculdade SKEMA Brasil.

Os esportistas têm muito a nos ensinar. França e Brasil mostraram a força das mulheres em esportes não convencionais. A primeira medalha de ouro brasileira foi conquistada pela judoca Beatriz Souza, uma mulher negra no judô. Na França, a ciclista Pauline Ferrand-Prévot estreou com uma performance brilhante, refletindo a regra de desenvolvimento em todos os programas educacionais.

Vitórias à parte, competir implica em aceitar a derrota. Isso é fundamental para construir uma sociedade resiliente. Portanto, a riqueza dos Jogos Olímpicos, desde a sua concepção, é para mim um instrumento de aprendizado e um aliado para a paz, fundamental para evitarmos tempos sombrios.

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