Organização do tempo é ativo da vida!

Quero falar sobre este assunto como aprendiz. Minha vivência entre os mineiros tem me oportunizado um legado incrível. Como europeia, francesa, aprendo muito com os brasileiros. Muitos sabem fazer pausas “regulamentares” pela manhã, na hora do almoço e à tarde para conversar com seus colegas sobre assuntos muito diferentes das questões de negócios. Um almoço de trabalho em Minas Gerais é uma oportunidade genuína de relacionamentos prósperos de mercado. Seja com pessoas que você já conhece ou com novos parceiros. Isso é muito verdadeiro e pode ser observado em restaurantes de Belo Horizonte.

Acredito que esse networking permanece dominante, mantendo-se a obrigação de obter resultados nos projetos realizados no trabalho, mas sem a obsessão pela produtividade implacável. Esse é um ativo precioso que não é desprovido de profissionalismo. Começo com isso para ilustrar a relação com o tempo que observo ao meu redor em Minas Gerais.

No entanto, o compromisso com a produtividade nos faz sempre colocar o relógio como gestor e é desafiador respeitá-lo. Como reitora e executiva, compartilho os desafios de gerenciamento do tempo e, em particular, da capacidade de manter um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.Tudo o que escrevi nos dois últimos artigos sobre leitura qualitativa e inteligência emocional nos lembrou das armadilhas de nosso ambiente tecnológico, que obscurece as fronteiras entre o mundo do trabalho e o mundo de nossas vidas pessoais. Além disso, ele está causando dependência de ferramentas digitais, da qual todos nós somos vítimas sem perceber. É claro que a cada dia a inovação digital traz um novo nível de conforto para nossa vida privada, mas a desvantagem é que ela interfere invisivelmente em nosso funcionamento humano.

Então, para aqueles de nós que querem, como podemos criar medidas preventivas ou corretivas em nossas vidas para obter equilíbrio mental, físico, emocional e econômico por meio do nosso trabalho? A literatura e as revistas especializadas oferecem conselhos e metodologias. Não faz mal nenhum lê-los e eles lhe darão uma boa ideia do que você precisa fazer.

Defendo que o primeiro passo é ter um desejo real de seguir em frente com sua vida, perceber que a vida é passageira e que todos nós merecemos cuidar de nós mesmos e de nossos entes queridos.

Você pode dizer que isso começa com a garantia de um salário mensal para atender às necessidades da vida cotidiana. Sim, mas uma coisa não deve mais condicionar a outra na época em que vivemos, na qual, paradoxalmente, a tecnologia pode nos ajudar a ser mais eficientes, se aprendermos a dominá-la. O risco é sempre perder sua vida para ganhá-la, como diz o ditado.

Portanto, se embarcarmos nesse processo de monitorar e cuidar de nós mesmos, também teremos que ser pacientes conosco e explicar o processo para nossa família, mas também para nossos chefes, em alguns casos, que devem entender que também é do interesse deles integrar essa condição para seus funcionários, apoiando-os com uma melhor organização. Isso será cada vez mais uma condição para manter a equipe.

Entendo que todos nós devemos estabelecer limites em nossas horas de trabalho que não excluam a flexibilidade em casos urgentes. Precisamos reservar um tempo para pensar sobre como nos organizamos no trabalho e em casa e quais são nossas prioridades. A matriz urgente ou relevante pode ajudar classificando o que precisa ser feito primeiro, o que precisa ser delegado e o que pode ser planejado.

Vamos todos admitir que é muito difícil dizer não a um projeto interessante que não se encaixa em sua carga de trabalho atual ou a pedido de seu gestor ou amigo. Porém, uma escapada no planejamento profissional ou pessoal desequilibra tudo. Tudo está conectado. E é a inteligência emocional que ajuda a identificar o cerne das prioridades.

Vejo pela experiência dos acertos e falhas de minha agenda que não há uma fórmula. Tenho tido algum sucesso quando consigo elencar dentro das minhas atividades como gestora da SKEMA, presidente da Câmara de Comércio França-Brasil em Minas e, minha vida pessoal – o que envolve apreciar apresentações da Orquestra Filarmônica na belíssima sala Minas Gerais – manter vivo dentro de mim a minha missão: educar para transformar.

É em cima disso que consigo produzir, organizar e, sim, desorganizar um pouco, confesso. Tenho bons momentos de relaxamento, amizade, vejo jovens se transformando em lideranças de impacto e, de alguma forma encontro equilíbrio.

Nosso tempo de compromisso com o fazer é o mesmo com o da nossa vida como o ser. Existem realidades diversas e nem sempre equidade de oportunidades. Mesmo assim, cada um de nós tem a tarefa de manter a consciência da direção que escolhemos e podemos nos dedicar. Tenho certeza de que dessa forma, a organização do tempo se torna um ativo precioso para a vida.