Voluntariado corporativo é uma alavanca para o ESG
Falo regularmente com vocês, leitores, sobre como é necessário integrar a transição ecológica em todos os aspectos da política corporativa o mais rápido possível.
Como parte dessa dinâmica, fomentar estilos de vida e tecnologias ágeis da sociedade civil, como o voluntariado, deve ser prioridade por se tratar de uma alavanca fundamental para o ESG (Environmental, Social and Governance) nas corporações.
Integrar a responsabilidade e comprometimento com o mundo no negócio é a chave para a construção da nova economia, que já deveria ter nascido, especialmente em cenários de Vuca – Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade). Esses quatro conceitos são usados para descrever o mundo em que vivemos atualmente, um mundo de mudanças rápidas e com diversas facetas.
As empresas precisam ter muita clareza ao definir estratégias ambiciosas para suas propostas de valor. O mercado deve desenvolver habilidades específicas e aprender a gerenciar funcionários qualificados e voluntários comprometidos. Mas o que as corporações teriam a ganhar com o fomento de ações voluntárias?
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Vejo que o desenvolvimento de habilidades de gestão estratégica do setor sem fins lucrativos para os voluntários poderia trazer tantos ganhos, como desenvolvimento da equipe, comprometimento, senso de liderança e inclusive, mais lucros. Comecemos pela semântica.
O conceito de voluntariado varia no mundo. No entanto, há um ponto em comum, que é a criação de capital social, tanto para as organizações quanto para os indivíduos; todos ganham a oportunidade de estar em contato com outros para agir em conjunto.
O que se espera é que o mundo dos negócios e em alguma medida os empresários se comprometam a apoiar o voluntariado para que essa seja uma cultura. É natural que se busque benefícios ou contrapartidas ao fazer isso, pois haverá custo e será necessário liberar recursos, muitas vezes do tempo de trabalho de seus funcionários. Porém, esse não deve ser o objetivo central porque, em si, o legado do voluntariado é um aprendizado imenso que seguramente favorece a implementação do ESG, vital para a longevidade e lucros empresariais.
Sabemos que a sobrevivência econômica em um mercado depende de vários fatores, sendo os principais a capacidade financeira de apoiar uma estratégia visionária e pragmática, de gerenciar os talentos necessários para desenvolvê-la e de saber como se comunicar com o mercado e as partes interessadas.
As empresas aprendem a ter resiliência. Então, por que deveriam incentivar o voluntariado quando já enfrentam tantos desafios em seus mercados? De fato, essas mesmas empresas não podem escapar do cenário social.
Além dessa interdependência na sociedade, elas podem obter diretamente informações sobre novas tendências e encontrar inspiração para consolidar sua visão estratégica.
As habilidades adquiridas por meio do voluntariado muitas vezes podem ser transferidas para o mundo corporativo. Além desses impactos positivos, há o orgulho de pertencer a uma empresa ou grupo social com valor social reconhecido, e esse orgulho pode se estender a clientes e fornecedores. Isso reflete uma liderança esclarecida e comprometida que se preocupa com seus acionistas.
Nesse sentindo, cidadãos, as empresas do setor privado, Terceiro Setor e as instituições educacionais, todos têm um papel a desempenhar nos desafios sociais do nosso século.
Para isso, a educação deve ser um suporte para a construção do futuro como parte interessada da sociedade. Como? Formando lideranças engajadas no propósito do capitalismo consciente, onde exista o lucro e caiba o bem comum. Uma das habilidades diferenciadas é saber como gerenciar a equipe de voluntários. O ensino superior, no exercício de sua atividade principal de formação de talentos, é, portanto, um ator fundamental na consolidação do envolvimento da comunidade corporativa porque usa metodologias inovadoras e, muitas vezes, por meio de associações de estudantes com iniciativas positivas, mensuráveis e altamente visíveis.
A evolução é mesmo uma questão de aprendizado. O voluntariado é um caminho para a maturidade, um caminho exigente porque, ainda mais do que nos negócios, exige que deixemos nossos egos de lado e pensemos nos objetivos finais. É um aprendizado em resiliência? Para mim, é mais do que isso: é uma maneira de aprender a entender o mundo ao nosso redor e, muitas vezes, de nos anteciparmos a ele. Também reflete valores humanistas.
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