Sustentabilidade Financeira

Pesquisa revela abismo entre a educação superior e o mercado de trabalho no Brasil

"Há uma desconexão alarmante entre a formação no ensino superior e as oportunidades de emprego efetivamente disponíveis para os formados"

Embora o acesso ao ensino superior no Brasil tenha crescido significativamente, elevando as esperanças de muitos em termos de melhores oportunidades de emprego e renda, a realidade do mercado de trabalho revela um quadro menos otimista. O estudo “O ensino e o mercado de trabalho — análise de cenário”, da Cortex, elaborado pela Geofusion, empresa líder em inteligência da dados da América Latina, mostra uma desconexão alarmante entre a formação acadêmica e as oportunidades de emprego efetivamente disponíveis para os formados.

A pesquisa foi desenvolvida a partir da análise de uma combinação de dados do Ministério da Educação e do Trabalho por uma equipe multidisciplinar. Segundo o levantamento, a maioria dos graduados ainda acaba ocupando posições que exigem apenas um diploma de ensino médio, como assistente administrativo e auxiliar de escritório. Uma frustração para as expectativas dos formados, que investiram tempo e dinheiro na educação.

Esse é um indicativo de que o ensino superior, embora necessário, não é suficiente por si só para garantir empregabilidade na área de formação. O levantamento mostra que, nos 15 cursos com maior número de matriculados no Brasil, apenas um em cada 10 graduados consegue cargos compatíveis aos cursos superiores em que se formaram.

E, nesses cursos, um percentual ainda menor dos estudantes consegue empregos que realmente requerem uma formação universitária. Por exemplo: entre os formados em enfermagem e direito, apenas 7% e 9%, respectivamente, assumem cargos de nível superior.

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Para enfrentar o problema, é necessário ter uma abordagem que inclua tanto reformas no sistema educacional quanto ajustes nas práticas de contratação das empresas. As universidades precisam não apenas expandir o acesso ao ensino superior, mas também alinhar seus currículos às necessidades reais do mercado, por meio de parcerias com o setor privado que possam fornecer informações valiosas sobre as competências demandadas atualmente.

Além disso, é necessário que o governo e as instituições de ensino trabalhem juntos para promover políticas que incentivem a criação de cargos que aproveitem as habilidades dos graduados. Isso pode incluir incentivos fiscais para empresas que invistam na contratação de profissionais qualificados e no desenvolvimento de programas de estágios e trainees que facilitem a transição do ambiente acadêmico para o mercado de trabalho.

Apenas através de uma abordagem colaborativa e crítica entre o setor educacional, empresarial e governamental poderemos esperar resolver a discrepância entre a formação acadêmica e a empregabilidade no Brasil, garantindo, assim, que o investimento em educação superior se traduza em melhor qualidade de vida para os graduados.

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