Em cada dez brasileiros que ainda não se aposentaram, apenas dois se preparam para o futuro
Pesquisa realizada pela ANBIMA, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, em parceria com o Datafolha, mostra uma realidade preocupante sobre o planejamento financeiro para a aposentadoria no Brasil. Segundo a 7ª edição do Raio X do Investidor, 19% dos brasileiros não aposentados estão se preparando financeiramente para essa fase da vida. O dado reflete a falta de conscientização e a ausência de uma cultura sólida de planejamento de longo prazo no país.
Ainda segundo a pesquisa, 58% das pessoas afirmam que, embora ainda não tenham começado, pretendem poupar para a aposentadoria. No entanto, 23% não têm qualquer plano para criar uma reserva financeira para o futuro.
Essa falta de preparo é especialmente acentuada entre as classes sociais que recebem salários mais baixos. Na classe D/E, apenas 10% estão se preparando financeiramente, enquanto na classe A/B, 32% já tomaram medidas para garantir um futuro mais estável.
Uma confiança excessiva no sistema de previdência pública (INSS) também contribui para esse cenário. Metade (50%) da população não aposentada acredita que o INSS será a principal fonte de renda durante a aposentadoria. Esse número cresceu seis pontos percentuais em relação ao levantamento do ano anterior (44%), um indicativo claro da confiança desproporcional dos brasileiros em um sistema que muitas vezes não consegue suprir todas as necessidades financeiras na velhice.
A pesquisa também mostra que muitas pessoas pretendem continuar trabalhando após a aposentadoria. Cerca de 17% planejam complementar sua renda com trabalho, ignorando os desafios que podem surgir com a idade, como limitações de saúde e mobilidade.
Ainda de acordo com o levantamento, 10% dos entrevistados consideram as aplicações financeiras uma fonte viável de renda na aposentadoria, enquanto planos de previdência privada são citados por apenas 3%.
Esse descompasso entre expectativa e realidade é ainda mais evidente entre aqueles que já estão aposentados: 88% desse grupo dependem majoritariamente do INSS, mesmo entre a classe A/B.
A falta de planejamento financeiro para a aposentadoria não é apenas um problema individual, mas tem impactos sociais mais amplos. A dependência exclusiva do INSS pode levar a uma redução drástica na qualidade de vida na velhice, afetando não apenas os aposentados, mas também as suas famílias.
A confiança exclusiva na previdência pública é imprudente e pode resultar em um futuro financeiramente instável para muitos brasileiros. É preciso garantir que as próximas gerações tenham acesso a uma aposentadoria mais digna e tranquila. Com políticas públicas eficazes e um esforço conjunto entre o governo, instituições financeiras e educacionais, é possível reverter essa tendência e construir um futuro mais próspero e com equidade para todos.
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